Casa Submersa
- Direção: Kiko Marques
- Duração: 180 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Com Casa Submersa, o dramaturgo e diretor Kiko Marques vira uma página no enfoque político dentro da sua obra. Depois dos arrebatadores Cais ou da Indiferença das Embarcações (2012) e Sínthia (2016), que buscavam referências no Estado Novo e no golpe militar de 1964, o autor fecha sua trilogia nos anos 1990, mostrando que o coronelismo e a corrupção se mantiveram enraizados na redemocratização. Maíra (papel de Virgínia Buckowski) é uma bióloga marinha envolvida no projeto de um aquário no Rio de Janeiro, previsto para ser inaugurado entre a Copa do Mundo e a Olimpíada. Em um transe psicológico, ela revisita suas origens e encontra justificativas para situações que mudaram o destino de seus pais e lhe renderam uma infância e uma adolescência atribuladas. Mais uma vez, Marques não teme o folhetim e enreda o público em uma trama de viradas gradativas e emoção progressiva, a ponto de minimizar um começo um pouco confuso. A dramaturgia encontra reflexo em uma encenação poética, capaz de não se perder diante de um excesso de simbologias e incentivar o competente elenco da Velha Companhia em interpretações de tons contrastantes. Além de Virgínia, os atores Willians Mezzacapa, Patricia Gordo, Marcelo Marothy, o próprio autor e, principalmente, Juliana Sanches são destaques. Preste atenção ainda na trilha sonora original, a cargo de Bruno Menegatti e Rodrigo Vellozo (180min). 14 anos. Estreou em 4/9/2019.