A Camareira
- Direção: Lila Avilés
- Duração: 102 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: México
- Ano: 2018
Resenha por Dirceu Alves Jr.
Os silêncios e a fotografia monocromática chamam atenção de imediato no drama A Camareira, candidato do México a uma das vagas na disputa de melhor filme internacional de 2020. É em um luxuoso hotel que Eve (representada por Gabriela Cartol), mãe solteira de 24 anos, passa a maior parte do tempo, sem chance de conviver com o filho e na busca de trabalhos extras para dar um suporte na renda. Enquanto arruma quartos e lava banheiros, ela sonha em conquistar alguma oportunidade para melhorar de vida. Fica feliz ao imaginar que pode ser dona de objetos esquecidos pelos hóspedes e supre a ausência do filho ao cuidar do bebê de uma turista argentina (papel de Agustina Quinci). A amizade com os colegas alivia a barra, mas, aos poucos, Eve percebe quem nem sempre o esforço será garantia de recompensas. A interpretação econômica da ótima Gabriela Cartol conduz a trama de uma forma quase sufocante. A atriz expressa a angústia e a decepção da personagem através dos olhos sem brilho, e os diálogos, quase lacônicos, servem de complemento para ilustrar o cotidiano opressor. Em seu longa de estreia, a diretora Lila Avilés, de 37 anos, demonstra segurança para construir um universo denso sem disposição para fazer concessões. O roteiro não traz viradas, tampouco dá tréguas ao público. Tudo é triste, claustrofóbico, escuro e até impessoal, como os corredores do hotel que serve de cenário. O perfil de Eve é o de uma trabalhadora que perde as perspectivas de futuro e seu conflito se estabelece quando vem à tona o questionamento sobre quanto vale a pena viver o presente.