34º Panorama da Arte Brasileira

VejaSP:
  • Ano: 2015

Resenha por Julia Flamingo

E m 1969, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) foi inaugurado na marquise do Ibirapuera com o Panorama da Arte Brasileira. Atualmente com periodicidade bienal, o evento se tornou o principal no calendário da instituição, com idêntica proposta de trazer alguns dos mais relevantes nomes da produção contemporânea nacional. Na 34ª edição, intitulada Da Pedra da Terra Daqui, os curadores Aracy Amaral e Paulo Miyada convidaram seis artistas — Berna Reale, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Erika Verzutti, Miguel Rio Branco e Pitágoras Lopes — para elaborar trabalhos inspirados em manifestações rudimentares de arte encontradas em solo brasileiro entre 4000 a.C. e 1000 a.C.. O resultado final é um dos mais originais dos últimos tempos. Estão expostos os sessenta artefatos arqueológicos que serviram de referência para a criação: pedras em formato de animais como peixes e aves. A partir deles, a reflexão sobre passagem do tempo, território e identidade aparece em vídeos, instalações, pinturas e esculturas. Na entrada da mostra, Cao Guimarães apresenta Filme em anexo, no qual remonta as conversas entre ele e o curador Paulo Miyada sobre seu projeto para a exposição. O vídeo traz algumas hipóteses de quem foram os povos sambaquieros, responsáveis pela produção dos artefatos. Uma das obras mais vistosas é assinada por Miguel Rio Branco, que construiu uma estufa dentro do espaço cultural com elementos como plantas, terra e televisões que mal funcionam. Batizada de Wishful Thinking, ela desenha o fim do mundo e a decadência do ser humano frente ao poder da natureza. Além de uma de seus performances em vídeo, Berna Reale também apresenta uma instalação, intitulada O Tema da Festa, que simula um festa popular. O visitante é atraído pela música e pelos suspiros que são distribuídos dentro da sala. Mas o ambiente aparentemente animado logo se transforma em chocante quando se percebe que as luzes não são estrobos de festa, mas sirenes de polícia, e as paredes são decoradas com caixotes furados por balas de revólver. Até 18/12/2015.

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