Pesquisadora desenvolve sistema para combate ao contrabando de madeira
Metodologia prevê o treinamento de policiais para identificação de espécies legais e ilegais
A pesquisadora Sandra Florsheim, do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), desenvolveu um sistema que aumenta a eficácia na fiscalização do contrabando de madeira ilegal em São Paulo.
A metodologia, utilizada pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (SEMIL), prevê um sistema de captura de imagens e identificação macroscópica das espécies sendo fiscalizadas.
“Eu tive a ideia quando precisei ir para um médico dermatologista. Ele utilizou um equipamento dermatoscópio (espécie de lupa) para analisar uma mancha. Nesse momento, pensei em incorporar uma tecnologia assim no trabalho, para as operações em estradas e madeireiras”, lembra a pesquisadora.
Para realizar a captura, basta um equipamento fotográfico que obtenha um zoom que amplifique a imagem dez vezes, o que pode ser obtido através de aplicativos celulares. A partir disso, é feita a análise de características como a cor e o cerne, parte central da madeira.
Sistemas parecidos já foram incorporados em outros locais do Brasil. Em 2022, o Laboratório de Produtos Florestais do Serviço Florestal Brasileiro desenvolveu um banco de dados on-line com 275 espécies de madeiras tropicais para contribuir na identificação de servidores e pesquisadores da área ambiental.
“No início, eu tinha uma equipe com especialistas que faziam as identificações a partir das capturas dos agentes e participavam do laudo. Mas, depois do treinamento, os próprios policiais conseguem identificar”, conta Sandra, que realizou diversos cursos no estado e até em outras regiões do Brasil, como no Centro-Oeste.
O treinamento de 40 horas, oferecido pelo IPA, qualifica os policiais a identificarem as principais espécies comercializadas no país, bem como quais são nativas e exóticas.
Para ser transportada e comercializada, a madeira precisa de um Documento de Origem Florestal (DOF), que contém informações sobre as espécies, o volume e valor da carga, placa do veículo e rota detalhada.
Durante a verificação, a Polícia Ambiental verifica a legalidade da carga que, caso irregular, é apreendida. Atualmente, o crime de uso de documento falso para transporte de madeira ilegal pode chegar a pena de um ano de prisão.