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O desafio do presente

Por Mário Viana
1 dez 2016, 23h00

A tecnologia transformou as compras de natal numa via crucis antecipada. O outrora tão simpático ato de presentear virou uma mistura de angústia com ansiedade, juntou o medo de errar feio ao pavor de ser rejeitado para sempre. Dar uma lembrança virou um inferno. Lembra quando se compravam livros e CDs? O único risco que se corria era dar alguma coisa repetida. Errar feio no gosto do presenteado também era um risco, mas, esse, tecnologia nenhuma consegue evitar.

Pense no bom e velho CD. Hoje em dia, baixa-se música ou compra-se no comércio virtual. não se vê mais uma corrida desesperada às lojas de disco. O objeto físico deixou de ser essencial. Livrarias conceituadas, que se orgulhavam de setores inteiros dedicados, por exemplo, à música clássica, reduziram tudo a uma prateleira muito da vexatória.

DVDs estão sendo trocados pelo sistema de streaming, os canais por assinatura que, teoricamente, nos oferecem milhares de filmes e seriados ao alcance de dois cliques. É mentira, claro. Tente encontrar um clássico do cinema no canal da moda. Com livros está se dando algo parecido. Já se lia pouco por aqui, e, agora, os que leem andam substituindo o papel pelo tablet. Convenhamos, é muito mais prático carregar Guerra e Paz num aparelhinho eletrônico do que na versão de mil e tantas páginas. Dar um livro virou um gesto arqueológico.

+ Encontro com Clarice

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O que comprar para o amigo secreto da firma? Lingerie e underwear (repararam como calcinhas e cuecas ficam mais chiques em outro idioma?), nunca. A não ser que você queira ver a pessoa presenteada envolta naquelas peças diminutas. Mesmo que queira, não pega bem se expor dessa maneira.

Vai dar uma caixa de bombons à Wanise, da tesouraria? E se ela for diabética? Pior, se estiver de dieta? Comprar uma gravata para o Ferreira, do RH, é andar no fio da navalha: já reparou no mau gosto dele para acessórios? Flores fenecem rápido, perfumes podem causar alergia.

Joias são arriscadíssimas — e caras. Uma vez voltei de viagem todo feliz com um par de brincos de prata, delicados, para presentear uma sobrinha. Que chegou em casa exibindo, orgulhosa, aqueles alargadores de orelha que transformam qualquer lóbulo numa imitação de porta-toalhas.

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+ Por que “segunda”?

Mesmo assim, não se deixe abater por essas dificuldades triviais. Presentear pessoas queridas ainda é muito bom. Pode ser uma garrafa de vinho, um jogo de porta-copos criativo, talvez uma caneca personalizada ou um puzzle de 5 000 peças. Se for presente para o filhinho do colega, uma bateria pode ser a solução do seu problema e a criação de outro, para os pais —mas isso se chama transferir o problema.

Com a crise nos mordendo as panturrilhas (os calcanhares já dançaram faz tempo), limite as listas. Comece cortando os cunhados. Não se intimide, eles já riscaram o seu nome no natal passado. Sobrinhos com mais de 18 anos, fora. Tia-avó também. Rebaixe o status dos presentes. A lembrancinha simples (mas de coração) dos últimos natais ameaça se tornar um encantador cartão. Mas não exagere na economia. Em vez de virtuais, mande cartões de verdade. Ainda dá para gastar em selos.

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