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Estudantes da Cásper Líbero se mobilizam por aluno transexual expulso

Coletivos estudantis estão organizando um abaixo-assinado pedindo a volta de Samuel e a demissão de outro professor envolvido no caso

Por Alessandra Freitas
Atualizado em 5 dez 2016, 11h58 - Publicado em 14 out 2015, 20h40

Após a polêmica que resultou na expulsão do aluno transexual Samuel Silva da Faculdade Cásper Líbero na última sexta-feira (9), diversos estudantes da instituição estão se mobilizando para conseguir que ele retorne à faculdade. Cerca de 160 assinaturas já foram coletadas no abaixo-assinado destinado à direção da Cásper. Além de solicitar a reavalição da decisão de desligar o aluno, os estudantes também pedem pela demissão do professor Walter Freoa, afastado de sua posição como coordenador do curso de Publicidade e Propaganda após o ocorrido.

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De acordo com os estudantes, Freoa teria se recusado a tratar Samuel pelo seu gênero de escolha e abusa de seu privilégio como professor em sala de aula. A carta foi elaborada pelas organizações estudantis da instituição – a Frente Feminista Casperiana Lisandra, a Frente LGBT+ Casperiana, o Centro Acadêmico Vladimir Herzog e o Coletivo Africásper. 

Segundo o documento, os coletivos “repudiam a decisão de expulsar Samuel da instituição e reafirmam seu apoio ao estudante”. Em relação às acusações de que ele teria agredido o ex-coordenador, eles afirmam que “Samuel nega as acusações de agressão e afirma ter apenas ‘esbarrado’ no professor Freoa, que não se machucou e passa bem”. A carta enfatiza que as provas da suposta agressão “não foram apresentadas aos signatários dessa carta e nem mesmo ao próprio Samuel” e garante que os envolvidos deconhecem sua existência e sua veracidade.  

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Os alunos completam acusando a faculdade de não estar preparada para acolher estudantes transgêneros em suas dependências acadêmicas. “Devido a posturas que se assemelham à da Cásper Líbero, os transgêneros no Brasil tem um alto índice de evasão escolar já durante a infância. As instituições brasileiras de ensino não se prestam a educar seus professores e alunos sobre gênero. (…) O ambiente estudantil é hostil com as pessoas trans e, por isso, elas logo se afastam dele por serem incapazes de se submeter a esse sofrimento diário”, argumentam. A decisão da faculdade será tomada na próxima reunião do Conselho Técnico Administrativo (CTA), no dia 22 de outubro.

A polêmica começou após uma prova aplicada pela professora de redação publicitária, que utilizou como matéria um vídeo em inglês sem legendas. Samuel então se sentiu prejudicado na avaliação por não possuir domínio do idioma, e publicou um texto no Facebook em protesto ao conteúdo cobrado. A professora se manifestou enviando um email às turmas em que expõe o nome do aluno. “Talvez lhe falte repertório, talvez lhe falte domínio de idiomas, talvez lhe falte o que fazer, mas o fato é que ele transformou suas peculiares características intelectuais em vitimização moral”, escreveu. Durante a apuração do caso, Freoa alega ter sido agredido por Samuel, que afirma ter apenas esbarrado no professor. A confusão resultou na expulsão da professora e do aluno, e o afastamento de Freoa como coordenador do curso de Publicidade e Propaganda.

O estudante disse ter sofrido preconceito. “Se fosse outro aluno, tenho certeza que ela não teria reagido daquele jeito. Ela e a universidade me expuseram de uma forma totalmente gratuita”, disse.

A professora, que lecionava havia dois anos na faculdade, disse que o jovem tirou 8,5 na prova em questão. “Não entendi porque ele tomou essa atitude de escrever no Facebook contra mim. Tirou uma nota boa e estava animado, até me ajudou a distribuir os testes”, diz. “Ele expôs meu nome nas redes sociais causando constrangimento ilegal e eu só respondi a ele e a sala no nosso e-mail de grupo. O que ele fez foi transformar isso em transfobia, o que não tem nada a ver”.

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Segundo a professora, a relação dele com outros professores era delicada. “Era como pisar em ovos para falar com ele para que não interpretasse as coisas de forma errada”, relata. “Eu sou daquelas professoras que sentam com o aluno, dá conselhos. É um choque sem precedentes”. A professora estuda medidas judiciais contra o aluno e a universidade.

O diretor do curso de Publicidade e Propaganda, Carlos Roberto da Costa, divulgou nota informando que a instituição abriu sindicância para apurar o caso.

“A Faculdade Cásper Líbero sempre recebeu de braços abertos a todos os que a ela acorrem. No nosso papel de instituição de ensino, temos dado apoio a grupos e lideranças estudantis, como o AfriCásper, Lisandra, LGBT, incentivando suas atividades”, afirmou Costa. “O aluno sempre foi tratado com respeito e a direção recomendou a todos os funcionários, coordenadores e professores que dessem a devida atenção às condições do aluno.”

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Em nota, a universidade afirma que a briga foi presenciada por testemunhas e registrada em boletim de ocorrência. Samuel nega as acusações. “Eu comecei a chorar e saí correndo por um corredor enquanto ele vinha pelo outro, acabamos nos esbarrando e ele caiu no chão”, reforçou.

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