Falta de água atinge ruas dos Jardins
Área nobre da cidade tem registrado desabastecimento entre as 22h e as 6h; Sabesp nega corte
Condomínios, bares e restaurantes dos Jardins, área nobre da cidade, têm registrado corte no abastecimento de água durante a madrugada. Em vias como Haddock Lobo e Alameda Tietê, zeladores e comerciantes afirmam que a interrupção ocorre entre as 22h e as 6h. O problema só não é percebido pelos moradores porque todos os imóveis têm reservatório próprio.
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Diante da crise hídrica que atinge o estado de São Paulo, a Sabesp tem praticado a redução na pressão da água na rede durante a noite, como parte de um programa de sua gestão operacional. Apesar dos relatos, a companhia nega corte de água.
Em uma lanchonete na Rua Haddock Lobo, funcionários relataram que o abastecimento é cortado há pelo menos um mês depois das 23h. “Como temos caixa d’água, não há problema, mas algumas vezes já chegou a faltar”, afirmou uma gerente, que preferiu não se identificar. De acordo com ela, nestas ocasiões os atendentes chegaram a armazenar água em galões para suprir a demanda de clientes – o estabelecimento só fecha na madrugada.
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Na mesma rua, ao menos dois condomínios passam pela mesma situação. O porteiro Antonio Everaldo da Silva, 63, contou que “dia sim, dia não” nota a falta d’água. Como o banheiro do funcionário é o único do prédio que é abastecido diretamente pela água da rua, a torneira deixa de funcionar. “A gente precisa usar um banheiro lá no fundo, que recebe da caixa d’água”, explicou.
O zelador Antonio Mendes confirmou a situação. “Os moradores só não reclamam porque o reservatório é de 60 mil litros, então o problema não chega nos apartamentos”, disse. Para conscientizá-los, Mendes colou um aviso escrito por ele no elevador, pedindo economia. “A Sabesp já está interrompendo o fornecimento durante a noite. O problema da falta de água em SP é real”, diz o texto.
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Outro condomínio na mesma via enfrenta o mesmo problema. O porteiro Luís Lino, 43, foi o primeiro a notar. “Estamos sem água à noite há uns 15 dias. Percebo porque não dá para usar o banheiro aqui”, disse. De acordo com Lino, os moradores no local tomaram consciência de um possível racionamento e, há três meses, decidiram economizar no uso. “A conta diminuiu uns 30%.”
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A mesma história se repete em um restaurante na Alameda Tietê, em que o abastecimento é interrompido pontualmente às 22h. Assim como nos outros locais visitados, um funcionário do local contou que se não fosse a caixa d’água, o problema poderia comprometer o atendimento no local.
Para todos os casos, a Sabesp negou falta de abastecimento. De acordo com a companhia, todos os endereços mencionados pela reportagem foram visitados por técnicos e apresentaram abastecimento normal, com pressão mínima de 10 metros de coluna d’água (mca). “Não há registros de ocorrência de falta d’água na central de atendimento para nenhum imóvel mencionado”, completa a nota da assessoria de imprensa.
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Crise
Bairros da zona norte foram os primeiros a sofrer com o corte. Os casos começaram a se intensificar em fevereiro, quando a Sabesp tornou público que o Sistema Cantareira – que responde por 45% da Grande São Paulo e parte da capital – estava em crise. (Com Estadão Conteúdo)