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15 000 obras doadas estão em sala fechada na Mário de Andrade

Há coleções inteiras doadas por grandes editoras, como Massao Ohno, Saraiva e Cosac & Naify, ainda não catalogadas

Por Estadão Conteúdo
23 Maio 2017, 13h29

Um acervo sem tratamento de pelo menos 15 000 livros doados por pessoas e empresas à Biblioteca Mário de Andrade se acumula em uma sala fechada. As obras não foram catalogadas nem se sabe exatamente a importância de tais exemplares, já que não foram totalmente analisados pela equipe técnica. Por causa do acúmulo – a área que recebe as doações está lotada -, determinou-se a suspensão do recebimento de doações no local.

A pilha de livros tem coleções inteiras doadas por grandes editoras, como Massao Ohno, Saraiva e Cosac & Naify, além do Consulado da França, Biblioteca de Shanghai e até da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp). Uma doação do arquivo pessoal do jornalista Elio Gaspari feita em 2013 ainda está sem catalogar e segue indisponível ao público.

“Com essa grande quantidade de títulos acumulados que temos, levaremos alguns anos para terminar (de catalogar)”, disse o supervisor de acervo, Henrique Ferreira. A Secretaria da Cultura estima em dois anos o prazo para oferecer ao público todas as 15 000 obras. A biblioteca tem cerca de 350 300 livros catalogados.

A Mário de Andrade – biblioteca mais importante da cidade e segunda maior do país – é a unidade que mais concentra doações na capital. Os livros são analisados na chegada e, caso constatado que a biblioteca já os possui em bom estado, são encaminhados a alguma das 54 bibliotecas da rede municipal.

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O secretário de Cultura, André Sturm, põe a responsabilidade do problema na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT). “Achamos uma pilha de livros jogados em um porão. Não se cataloga um livro recebido por doação na Mário de Andrade há pelo menos dois anos.”

Sturm disse ainda que os livros “deixaram de ser prioridade na Mário de Andrade” na gestão anterior e acusa o ex-diretor do espaço durante toda a gestão Haddad, Luiz Armando Bagolin, de ter outras prioridades, como a aquisição de obras de arte e móveis de designers famosos.

Procurado, Bagolin disse que a responsabilidade de receber e catalogar as doações é do supervisor de acervo e não do diretor. “A Mário de Andrade recebe muitas doações espontaneamente. O problema é a estrutura. Há poucos funcionários (apenas quatro são responsáveis por catalogar os livros recebidos) e bibliotecários, e os poucos que têm não querem trabalhar mais. Quando cheguei à Mário de Andrade, o estabelecido era que os funcionários trabalhassem só sete horas por dia e alguns trabalhavam três vezes por semana.”

O quadro de funcionários da biblioteca caiu desde 2013 – de 116 para 90. O número de bibliotecários passou de 25 para 18, segundo relatório final da gestão 2013-2016. A queda contrasta com a mudança no orçamento, que subiu de 6 milhões de reais em 2013 para 10 milhões de reais no ano passado.

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O ex-diretor destacou ainda que “nem tinha conhecimento” de onde os livros doados eram encaminhados. “Casualmente, eu vi uma caixa empilhada em um corredor e perguntei: o que é isso? Disse que não queria nada empilhado, pois se tratava de uma área sem segurança, um corredor. Imagine um monte de caixas em um corredor com livros empilhados na frente da área do acervo. Só que essa vigilância precisaria ser diária e eu não consegui dar conta pela má vontade no trabalho desses funcionários”, disse.

O ex-dirigente afirmou ainda que a biblioteca tem pelo menos 300 000 livros adquiridos que ainda não foram catalogados. “Falei ao Cosac (Charles Cosac, novo diretor da biblioteca) que a solução é fazer uma licitação e chamar uma empresa especializada para colocar esse acervo em dia.”

Procurada, a Secretaria Municipal de Cultura diz que “causa estranheza” que o ex-diretor não tivesse como prioridade saber a respeito das doações. “Há entre as doações recebidas coleções de alto valor que ele certamente teria ordenado a inclusão no acervo, se tivesse tomado conhecimento.”

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