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Saiba como se tornar um doador de medula óssea em SP

Estado tem o maior número de receptores do país; confira onde e como doar

Por Luana Machado
Atualizado em 23 fev 2024, 12h25 - Publicado em 23 fev 2024, 12h25
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O transplante de medula óssea é realizado através de uma transfusão de células (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
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No final de janeiro, a nutróloga Andrea Pereira deixou momentaneamente o posto médico na equipe de oncohematologia do Hospital Albert Einstein, na capital paulista, para realizar uma cirurgia de doação de medula óssea. “Eu doei na equipe em que trabalho há doze anos. A última coisa que eu falei antes da anestesia foi ‘esqueçam que sou eu’. Teve um peso emocional ainda maior, porque meu filho foi o receptor”, conta Andrea. 

Assim como a médica, muitos pacientes que necessitam de transplante de medula óssea recebem a doação de familiares. Isso acontece por conta da dificuldade de compatibilidade necessária entre doador e receptor. 

Ao contrário de outros tipos de transplante, nos quais é importante apenas a mesma tipagem sanguínea, o de medula óssea exige compatibilidade no sistema de antígenos leucocitários humanos, o HLA, que é responsável pela produção de proteínas que compõem o sistema imunológico. “É mais fácil compatibilidade em família, porque nós recebemos a herança genética metade do pai e metade da mãe. Então, tem 25% a 30% de chance de encontrar um doador entre os familiares. Parece pouco, mas é uma possibilidade”, explica a hematologista Morgani Rodrigues, do Centro de Oncologia e Hematologia do Albert Einstein. 

Em casos sem doadores aparentados, existe o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Nele, constam o cadastro de 5 712 359 de doadores brasileiros, dentre os quais 1 446 975 estão registrados no estado de São Paulo, o maior número entre as unidades federativas. O estado possui também o maior número de receptores, com 8 514 pessoas registradas. Isso, porém, não significa que esses receptores estão na busca por um doador. Atualmente, o Brasil possui 650 pessoas na espera por um doador não aparentado. 

“O  transplante de medula óssea é indicado em casos de doenças hematológicas malignas, com características que tornam tratamentos quimioterápicos insuficientes”, afirma Morgani Rodrigues. São os casos de leucemias mieloides agudas, como a da influenciadora Fabiana Justus, e mielodisplasias. Além de doenças raras, tal qual a anemia falciforme, caso do filho da médica Andrea Pereira.

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Como se tornar doador de medula óssea?

Para doar, é preciso ter entre 18 e 35 anos e um bom estado de saúde, como não possuir nenhuma doença crônica ou grave. 

Além disso, a pessoa interessada em se tornar doador tem que realizar o cadastro em um dos hemocentros cadastrados no REDOME. Na capital paulista, ele é feito no Hemocentro da Santa Casa de São Paulo, na Vila Buarque. 

No cadastro, é respondido um formulário e coletada uma amostra de sangue. “Essa amostra a gente utiliza para comparar o HLA do receptor com o doador. Com isso, a gente consegue ver a compatibilidade e isso fica no REDOME. Se for encontrado um receptor compatível, eles chamam o doador para realizar mais exames”, explica Morgani. 

Os exames servem para detectar infecções ou doenças sanguíneas, por exemplo. “Os médicos também sempre fazem uma reunião com o doador sozinho, para conferir se a pessoa sabe todos os riscos. E é um médico que não é responsável pelo transplante, imparcial, para não pressionar o doador”, conta Andrea. 

Como é feita a doação de medula óssea? 

Existem duas formas de doar: diretamente da medula óssea e pela coleta do sangue periférico. O primeiro é um procedimento cirúrgico, que utiliza anestesia, no qual são realizados furos na região do quadril do paciente. Nesse caso, é perfurado o osso para a retirada. 

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No segundo método, se pulsam as veias e o sangue é passado em uma máquina que seleciona as células tronco. É preciso que o doador tome um medicamento para estimular a produção de células tronco. 

“A escolha do método depende do médico e do doador. Atualmente, muitos doadores preferem a coleta por sangue periférico, porque é mais fácil de ser realizada e alguns lugares não possuem estrutura para a coleta diretamente da medula”, diz a hematologista. 

A recuperação nos dois casos não é longa. Em casos de doação diretamente da medula óssea, o doador fica de 3 a 7 dias de repouso. “Eu fiquei cansada, porque minha hemoglobina baixou para quase metade do que era. Mas depois de uns dois dias voltou ao normal”, lembra Andrea. 

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