Chá gourmet vira especialidade em novas casas
Quatro estabelecimentos abertos nos últimos nove meses abandonaram os sachês para usar folhas importadas e termômetros digitais
Na mesa colorida, localizada em frente a uma grande quantidade de pequenas latas perfumadas, o garçom coloca um recipiente transparente, contendo 230 mililitros de água quente e algumas folhas. Durante três minutos, em média, o líquido vai se colorindo e aromatizando. Um cronômetro digital, que controla o tempo da infusão, avisa quando a mistura está pronta. Depois disso, basta encaixar o copo sob a jarra, que automaticamente libera a bebida coada, preservando o sabor das ervas. Esse ritual é realizado na simpática The Gourmet Tea, em Pinheiros, que abriu as portas em março.
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Lá é possível experimentar 35 variedades de chá, a maior parte delas cultivada de maneira orgânica e procedente da China e da Índia, ao preço fixo de 4,90 reais a dose. Além de saboreá-las no local, os clientes podem levar para casa embalagens a granel de 45 gramas que rendem até 4 litros. “Os consumidores estão se sofisticando e vêm hoje para cá dispostos a experimentar novas coisas”, afirma Daniel Neuman, um dos sócios da casa.
A The Gourmet Tea faz parte da leva de novos endereços na cidade especializados nesse tipo de produto. Somente nos últimos nove meses, surgiram por aqui quatro estabelecimentos do gênero. “O consumo ainda é relativamente baixo e tende a crescer muito daqui para a frente”, afirma Juan Vartanian, sócio da loja argentina Tea Connection, que nasceu há cinco anos no bairro portenho da Recoleta. O ponto inaugurado em janeiro na Alameda Lorena é o primeiro da rede fora de seu país. No local, são vendidas 23 variedades da bebida, entre elas a orange oolong, com casca de laranja, e o indian chai, com gengibre, canela, cardamomo e pimenta. Orientado por um funcionário, o cliente controla o tempo de infusão com uma ampulheta.
A campeã em ofertas é a Loja do Chá, no Shopping Iguatemi, com 240 itens, incluindo misturas heterodoxas como o teeschokolade, que leva chá-preto, chocolate e chantili. Criada em 1999, a casa foi a pioneira na cidade nesse mercado. “Na época, poucas pessoas tinham interesse nos produtos”, afirma a proprietária, Carla Saueressig. “Hoje, a situação mudou a ponto de triplicarmos as importações para dar conta da demanda.”
Além de uma boa oferta de folhas importadas, os estabelecimentos investem num cardápio de comidinhas leves para acompanhar a bebida. Funcionando desde outubro do ano passado no Shopping Higienópolis, a Talchá serve pães de queijo de mandioquinha, sem contar as setenta opções da bebida. Na Teakettle, na Chácara Santo Antônio, há um cardápio completo para café da manhã e brunch, com itens como bolo de laranja e croque monsieur. Claro que todas essas opções são apenas coadjuvantes para a estrela principal do negócio. Um dos campeões em preferência é o flowering tea. O cliente que escolhe o produto, que vem da China, recebe um pequeno presente: dentro do bule é colocado um botão de jasmim, que se abre à medida que a água quente é despejada. Essa bebida custa 30 reais e serve até oito pessoas.
Nos últimos tempos, outros tipos de endereço começaram a concorrer com as casas especializadas. O restaurante Emiliano oferece uma carta com 107 chás, cujos preços variam de 13 a 120 reais. Já O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, com três unidades na capital, preferiu criar um blend exclusivo, com sabores que harmonizam com os itens da doceria. Alguns restaurantes criaram receitas especiais. O japonês Kinoshita, na Vila Nova Conceição, tem um pudim de chá acompanhado de soft de chocolate com castanha-do-pará. No mesmo bairro, o Le Manjue Bistrô inovou com um crepe com massa de chá-verde.