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Perfil dos condomínios paulistanos

Um em cada três paulistanos vive em condomínios. Levantamento inédito mostra onde eles estão localizados, como são administrados e quais seus principais problemas

Por Edison Veiga
Atualizado em 6 dez 2016, 09h05 - Publicado em 18 set 2009, 20h30

Ela é a big sister em pessoa. Do computador de sua sala, no Jardim Paulista, a publicitária Angélica Delgado Arbex consegue acessar informações de 97% dos 20 000 condomínios residenciais da cidade. Endereço, tamanho dos apartamentos e telefone do síndico dos 28 000 edifícios são alguns dos dados que estão ali, a um clique de seu mouse. Gerente da divisão comercial da administradora Lello Condomínios, Angélica se apóia nesse cadastro para entender a realidade do setor em São Paulo e, assim, definir quais conjuntos podem se tornar clientes da administradora. “Seguramente, metade dos condomínios de São Paulo já recebeu ao menos uma proposta nossa”, diz. A empresa, que lidera o mercado paulistano do ramo, tem sob seus cuidados 1 200 condomínios, enquanto quatro concorrentes que se alternam na segunda colocação administram cerca de 400 cada um.

Manter atualizado esse gigantesco banco de dados é uma missão confiada a quinze de seus 350 funcionários. Eles conversam diariamente com porteiros, zeladores, síndicos e, em alguns casos, moradores. Cinco ficam pendurados ao telefone o dia inteiro. Dez vão para a rua, num trabalho porta a porta. O gerente comercial Luiz Sidenildo Ferreira, por exemplo, visita cerca de dez condomínios por dia. “Captamos dados e estreitamos o contato com os síndicos”, conta. Já à operadora de telemarketing Jusceli Lopes da Silva cabe descobrir os nomes e telefones dos síndicos dos condomínios, tanto dos novos quanto dos que estão com o cadastro desatualizado. “Faço cinqüenta ligações diárias para chegar a cerca de dez síndicos”, afirma. “É preciso jogo de cintura para as pessoas entenderem o meu trabalho e não me tratarem mal.” Ela costuma começar sua apuração pela lista telefônica. Quase sempre encontra algum telefone do prédio, seja da portaria, seja de um dos moradores.

Com tais informações consolidadas e cruzadas em uma planilha, a Lello consegue traçar um raio X dos condomínios paulistanos, nos quais vivem cerca de 4 milhões de pessoas – ou um em cada três habitantes da capital. É o que Veja São Paulo mostra nas páginas a seguir.

Cachorro, cano, carro e criança

As quatro palavras que começam com cê, de condomínio, são a causa de 75% das brigas entre vizinhos. Para diminuir os problemas envolvendo os 45 cães dos moradores de um conjunto residencial no Jardim São Bento, na Zona Sul, o agente de trânsito e síndico Marco Antonio do Vale criou um cachorródromo. Trata-se de uma área de 20 metros quadrados, cercada, onde os bichos podem se divertir, soltos, sem incomodar ninguém. “As reclamações acabaram”, diz ele. Sujeira e latido de cachorro são os principais motivos de briga entre os condôminos paulistanos. Vagas de garagem, vazamentos de água e barulho de crianças vêm em seguida no ranking dos atritos. “Quando assumi, há cinco anos, tinha de ouvir uma queixa por dia”, conta o empresário Celso Dieguez Estrada, síndico de um prédio no Jardim São Luís, também na Zona Sul. “Hoje, felizmente, temos apenas uma por mês.” Para melhorar a situação, ele diz que passou a tratar cada caso individualmente, com muita conversa.

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O método do empresário Carlos Eugênio Berkhout, síndico de um condomínio na Vila Mascote, na região do Jabaquara, é outro. Passou a exigir que as reclamações fossem dadas por escrito. “Tiro uma cópia e envio para o morador acusado”, afirma. “Quando a questão não se resolve, reunimos os dois e designamos um conselheiro para mediar.” Especialista em direito imobiliário, o advogado Marcio Rachkorsky arbitra conflitos em cerca de 250 condomínios paulistanos. São dois casos novos por dia. Para ele, os de mais difícil solução envolvem barulho. “Muitas vezes, é complicado até identificar de onde vem o ruído, pois tem de tudo: de salto alto a festinhas nos apartamentos.”

O síndico ficou mais jovem e mais graduado

Sabe aquele estereótipo de que o síndico é um tiozinho aposentado sem mais o que fazer? Esqueça. Nos últimos cinco anos, seu perfil tornou-se bem diferente. “A mudança acompanha as dificuldades de estar à frente de um condomínio atualmente”, diz Angélica Arbex, gerente da Lello Condomínios. “É como se os prédios fossem empresas.” Há cinco anos, 70% dos síndicos tinham mais de 50 anos e menos de 10% utilizavam a internet para se comunicar com a sua administradora. Eram, em geral, aposentados ou donas-de-casa. No ano passado, a Lello enviou questionários a 1 100 deles para montar um perfil atualizado. Houve um rejuvenescimento: 50% dos entrevistados afirmaram ter de 31 a 50 anos – contra 44% com mais de 50 anos. É o caso do gerente bancário Fernando Gonçalves Conceição, de 34 anos. “Como tenho facilidade com finanças e contabilidade, achei que poderia contribuir com a administração do condomínio”, explica ele, que é síndico de um prédio na Vila Sofia, na região de Santo Amaro, desde 2005. Formado em administração – 67% dos síndicos têm curso superior –, casado e pai de dois filhos, Conceição precisou mudar sua rotina para dar conta dos encargos da função. Já chegou a pedir, em assembléias de condomínio, que os moradores utilizassem o e-mail para contatá-lo – ferramenta que ele, assim como 37% dos síndicos paulistanos, usa preferencialmente para se comunicar com a administradora. “Preciso ser ágil”, diz. “Mesmo assim, a maioria dos moradores ainda costuma me interfonar.” Conceição passa orientações rápidas três vezes por semana ao zelador, sempre por volta das 8 horas, antes de sair para o trabalho. E todos os sábados faz uma ronda pelo prédio, para ver se está tudo o.k.

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