A noite em que Dilma, Renan, Cunha, Serra e Lula dividiram a mesma mesa
Em maio de 2015, o casamento do cardiologista Roberto Kalil colocou rivais rezando o Pai Nosso lado a lado
Com o conturbado desfecho da aliança PT-PMDB, difícil acreditar que, há exatamente um ano, estavam em uma mesma festa a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o senador José Serra e outros figurões da política nacional (de Haddad a Maluf).
Era o casamento do ano (na verdade, uma bênção pelos dez anos de união), do cardiologista Roberto Kalil Filho e da endocrinologista Claudia Cozer, no sábado, dia 10 de maio passado – ou 1 ano e dois dias antes da data em que Temer assumiu o Alvorada.
O então vice Michel Temer, também convidado, só não compareceu por conta de um alegado imprevisto. “Se acontecesse um desastre no salão, o Brasil por pouco não ficaria sem linha de sucessão”, brincou um convidada.
No altar, estavam como padrinhos Dilma, Lula e Serra, que rezaram juntos o Pai Nosso. Pouco depois, na festa, a mesma mesa reunia Dilma, Lula, Calheiros, Cunha, Serra e Geraldo Alckmin com Lu. Isso mesmo: Dilma, a presidente agora afastada, que mal falava com Lula ao altar – mas teve que se unir a ele novamente quando o governo começou a afundar. Cunha, que antes de ser tirado do comando da Câmara foi um dos grandes articulares da aprovação do impeachment, que teve a bênção de Calheiros no Senado. E ainda Serra, ministro das Relações Exteriores no novo governo, e alçado novamente à bolsa da apostas para a cadeira que Alckmin também almeja, justamente a que Dilma acaba de desocupar.
A reportagem de VEJA SÃO PAULO estava na festa. Alguns detalhes:
– Eram 670 convidados no luxuoso bufê O Leopolldo, em uma festa impecável, com show de Tiago Abravanel e convidados que íam do médium João de Deus ao cantor Gilberto Gil.
– Dilma havia jantado antes de ir ao enlace, na base militar do Aeroporto de Congonhas, onde foi penteada por Celso Kamura (ela fez voo bate e volta). Comeu salada e carne. Na festa (onde dois garçons exclusivos serviam sua mesa), deixou antepastos intocados no prato. Firme na dieta Ravenna.
› Do lado de fora, manifestantes batiam panelas e cantavam: “Se gritar ‘pega ladrão…/ Não sobra um, meu irmão…”.
› Deveriam se referir não aos políticos, claro, mas ao larápio que afanaria os dois iPhones 6 do médico David Uip, secretario estadual de Saúde. Ele deixou os aparelhos na mesa antes de a celebração começar e não os encontrou.
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