Amigos fazem shows para desmistificar assuntos como bullying e drogas
O empresário Eduardo Lopes e o produtor musical Guido Junior tratam de temas pesados através de canções e personagens divertidos
Eduardo Lopes, de 51 anos, é sócio de uma fábrica de parafusos há três décadas em Guarulhos. No início do negócio, ao perceber que alguns de seus funcionários não andavam empenhados no serviço, chamou-os para uma conversa informal. Dedicou parte de seu tempo a entender que problemas eles enfrentavam fora dali. Ouviu casos relacionados a drogas, violência e bullying. Em 1996, os bate-papos evoluíram para a criação da Associação Sustentabilidade Humana, no Tatuapé. No começo, ela promovia encontros com o objetivo de fortalecer as relações entre as famílias.
“Várias pessoas não tinham a quem recorrer”, lembra Edu Inox, como o empresário é mais conhecido, em função de sua atividade profissional. Esses compromissos chegavam a reunir quarenta participantes e ocorriam em empresas e em escolas da Zona Leste. Em 2000, desenvolveu uma nova frente da iniciativa. Ela continua até hoje e envolve a realização de palestras show com o objetivo de auxiliar crianças, pais, professores e trabalhadores a lidar melhor com essas questões. Seu atual parceiro é o produtor musical Guido Junior, 45. “Com as canções, tratamos assuntos pesados de maneira leve”, diz.
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Para o evento com uma hora de duração, eles bolaram um arsenal de personagens inusitados (com direito a figurinos), do naipe de Drogzila, Macaconha, Haxixonha e Psicocrack. “Os nomes divertidos facilitam o diálogo de pais e filhos”, explica Junior. Sem medo de pagar mico, a dupla já realizou cerca de 100 exibições em instituições como o Sesc. Hoje, costuma animar plateias gratuitamente quatro vezes ao mês.
Os custos de até 5 000 reais por performance, que podem envolver estrutura de som e ajudantes, são bancados pelo fundador da associação. Recentemente, os amigos passaram a criar vídeos para o YouTube. O bullying tornou-se tema de um deles. Perto dos 40 anos, Edu Inox virou alvo de chacota por deixar o cabelo crescer. Isso facilitou a identificação com as agressões. “Quero contribuir para que as crianças não fiquem traumatizadas no futuro”, afirma.
Associação Sustentabilidade Humana. Rua Cantagalo, 89, Tatuapé, tel. 2093-7287. www.sh11.com.br.