Renata Vanzetto: a jovem chef que deve faturar 25 milhões de reais
Grupo de restaurantes sob sua batuta inclui o Ema e o Marakuthai
Não se engane com a cara de menina da chef Renata Vanzetto. Embora ela não aparente ter 28 anos, por trás do sorriso meigo existe uma cozinheira talentosa com apetite para negócios. Aos 18, ela abriu o moderninho Marakuthai, em Ilhabela, no Litoral Norte. Hoje, comanda outros cinco empreendimentos. Montou aqui na capital duas filiais do primeiro restaurante, um bufê para eventos sob encomenda, o contemporâneo Ema, nos Jardins, e inaugurou na semana passada o bar Lambisgoia, também em Ilhabela. Com tantos estabelecimentos, o grupo deve alcançar um balanço polpudo. “Nossa previsão é faturar 25 milhões de reais até o fim deste ano”, calcula Renata.
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Para conseguir um impulso tão grande, a profissional arrebanhou uma teia de investidores formada por familiares e amigos. Nas filiais paulistanas do Marakuthai, um dos parceiros é o navegador Beto Pandiani, ex-namorado da mãe da chef, a decoradora Silvia Camargo. Sob seu guarda-chuva, Renata conta com 150 funcionários fixos. Como não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, não desgruda do celular um só minuto. Via WhatsApp, administra tudo. “É uma mulher ligada em 220 volts”, diz o cunhado e sócio Ado Manetti. “Às vezes, quando acordo e olho o telefone, já há centenas de mensagens dela”, exagera.
A chef jura que começou a trabalhar aos 13. “Preparava entradinhas para um pequeno restaurante que minha mãe teve em Ilhabela”, lembra. Ela nasceu em São Paulo, mas os pais se mudaram para o Litoral Norte quando ela tinha 2 anos. Tempos depois, a fome adolescente de ter o próprio dinheiro era tão grande que resolveu improvisar uma lanchonete na garagem de barco familiar, junto a uma marina. “Era só um balcão onde fazia um sanduba atrás do outro”, diz. No lugar, surgiu o Marakuthai, em 2007. A casa funciona no mesmo endereço até hoje.
O reconhecimento do talento culinário veio um ano depois da inauguração do restaurante, quando ela faturou o prêmio de chef revelação do Brasil pelo extinto GUIA QUATRO RODAS, publicado pela Editora Abril. Bastou isso para que o estabelecimento subisse a serra e se tornasse um sucesso também na capital, apesar de um percalço inicial. “O empresário que nos convidou para vir para São Paulo deu para trás na sociedade e tivemos de pegar um empréstimo para seguir com o projeto”, lembra.
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O Ema abriu as portas em 2013, na Rua da Consolação. Quase três anos depois, foi transferido para a Bela Cintra. O espaço tem 48 lugares, o dobro do endereço anterior. Para inaugurar o bar Me Gusta, que fica no térreo do mesmo prédio, ela investiu cerca de 350 000 reais. “Sou econômica na hora de montar minhas casas”, afirma. O repertório culinário de Renata, que inclui receitas como o lagostim ao wassabi no consomê de pepino, é quase todo intuitivo. Ela até que tentou frequentar uma faculdade de gastronomia. “Aguentei só quatro dias”, conta. Em 2011, passou vinte e seis dias estagiando no Noma, endereço dinamarquês eleito sucessivas vezes o melhor do mundo pela revista britânica Restaurant.
Moradora de um sobrado nos Jardins (e de mudança para um apartamento na Vila Madalena), ela malha três vezes por semana fazendo treinos de muay thai. Raramente usa maquiagem, mas não deixa de passar no Laces and Hair, um dos salões mais badalados da capital, para cuidar do cabelo longo, uma de suas vaidades. Como não desliga o celular, alimenta os quase 60 000 fãs do Instagram — ampliados sensivelmente durante sua participação em 2013 no programa Cozinheiros em Ação, do chef Olivier Anquier, para o canal pago GNT — com fotos de seus pratos postadas diariamente.
Faz parte também da sua rotina desviar-se dos torpedos disparados pelos clientes nos guardanapos de seus restaurantes. Os mais insistentes chegam a abordá-la na porta da cozinha. “Fico morrendo de vergonha, mas trato todos com educação”, afirma a chef, que namora há oito meses o arquiteto Cassiano Bonjardim.