Sob nova gestão, Zoológico de São Paulo terá ingresso pela internet e foodtruck
No Jardim Botânico, será reaberta a Trilha da Nascente, caminho suspenso sobre a mata nativa de 360 metros
O Zoológico de São Paulo entrou para a longa lista de patrimônios da cidade que foram entregues à gestão privada nos últimos três anos — nela também figuram Parque Ibirapuera, Estádio do Pacaembu, Complexo do Anhembi, Mercado Municipal e outros ícones paulistanos.
A partir de dezembro, tanto o zoológico como os vizinhos Jardim Botânico e Zoo Safári serão administrados pelo consórcio Reserva Paulista, um grupo de empresas que tem à frente a LivePark, especializada na operação de arenas e eventos.
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O consórcio vai explorar comercialmente essas três joias da paisagem da cidade — a área verde que ocupam mede quase o dobro do Ibirapuera — pelos próximos trinta anos. Pagou 121 milhões de reais ao governo do estado e se comprometeu a investir mais 300 milhões nos parques em cinco anos.
Embora seja um passeio agradável, o zoológico deixa a desejar na estrutura e nos serviços. Não vende ingressos pela internet, o que causa filas nos fins de semana e feriados (na foto abaixo, uma cena do último 7 de Setembro). Faltam placas de sinalização, e os visitantes precisam perguntar uns aos outros para que lado fica o leão ou a girafa — bem, a girafa é fácil de encontrar.
As lanchonetes são especializadas em comida não saudável: nuggets, salsichas, batata frita… “Se trouxesse meu filho aqui, eu traria comida de casa”, diz Heraldo Evans, sócio e chefe de marketing da LivePark.
A nova gestora promete um pacote de melhorias básicas nos próximos noventa dias — chamado internamente de quick wins, ou vitórias rápidas. A venda de ingressos pela internet será uma das primeiras, bem, novidades (chamemos assim). O zoológico também vai ganhar reformas na estrutura e no paisagismo.
Terá placas de sinalização, novos bancos e bebedouros, banheiros mais modernos, deques de piquenique, pinturas e câmeras de segurança. Enquanto restaurantes novos não chegam, a concessionária vai instalar food trucks pelo passeio.
Outra mudança (não no zoológico, mas no Jardim Botânico, ao lado) é a reabertura da Trilha da Nascente, um caminho suspenso de 360 metros sobre a mata nativa até o início do Córrego Pirarungáua, formador do Riacho do Ipiranga, assunto na pauta de 2022 devido ao bicentenário da Independência.
Também será possível comprar um passaporte para as três atrações — zoológico, jardim e safári. (Custam, respectivamente, 59, 10 e 45 reais.) “Nos primeiros noventa dias, não aumentaremos os preços. Depois, vai depender de estudos”, afirma Evans. Grupos de escolas públicas seguirão com acesso gratuito.
A concessionária não quer apenas vender ingressos, mas assinar acordos com patrocinadores. Busca mudar a imagem do zoológico: não mais um lugar de exibição, mas de conservação, reprodução, ensino e pesquisa sobre a fauna — o que, de fato, acontece ali. O “choque de gestão” do início do ano vai custar só 5 milhões de reais, dos 300 milhões prometidos em melhorias.
“O grosso será para mudar os biomas onde vivem os animais”, diz Evans. “Precisam ser maiores, mais bonitos e ter experiências imersivas”, afirma. O consórcio se comprometeu a conseguir o certificado de bem-estar animal da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab). “Estamos no processo, próximos do ideal”, diz Mara Cristina Marques, presidente da Azab e bióloga do zoo paulistano. “Em breve, vamos soltar na natureza cinco araras-azuis-de-lear nascidas aqui”, ela diz.
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Publicado em VEJA São Paulo de 01 de dezembro de 2021, edição nº 2766