“Viajamos juntos para o Uruguai quinze dias depois de nos conhecermos”
Adriana Barreto estava separada há um ano quando conheceu Rafael, também divorciado, em um aplicativo de relacionamentos
“Estava separada havia um ano em 2019. Saí muito descrente do meu casamento e alguns amigos me aconselharam a criar um perfil em um aplicativo de relacionamentos. No começo, fiquei receosa, mas acabei cedendo. Dois meses depois, em setembro, recebi uma mensagem do Rafael. Ao contrário do que eu pensava, nossa conversa fluiu muito bem, sem aqueles protocolos chatos de quando se conhece uma pessoa on-line. Conversamos por um dia e já nos encontramos no seguinte, em um barzinho, onde rolou o primeiro beijo.
Nossa conexão foi instantânea. Tanto que, apenas três dias depois, saímos novamente para comemorar a finalização do meu processo de divórcio. Assim como eu, o Rafael era divorciado, havia seis anos. Nesse encontro, enquanto fazia uma florzinha de papel de guardanapo para me dar, ele me contou toda a história da vida dele. A partir daquele momento já sabíamos que seria algo sério.
+“Éramos quase vizinhos, mas só a conheci décadas depois pela internet”
Eu e Rafael amamos viajar e isso foi algo que nos uniu desde o contato no chat. Na semana seguinte, estava comprando passagens para ir trabalhar em Recife e perguntei de brincadeira se ele topava dar uns beijos em Pernambuco. Ele levou super a sério. Acabou que nosso quarto encontro foi em Montevidéu. Foi uma loucura, Rafael comprou as passagens na sexta e pegamos o avião para o Uruguai na madrugada de sexta para sábado. Eu não avisei nem meus pais, que não sabiam da existência dele. Passamos um fim de semana ótimo juntos, visitamos uma vinícola e passeamos pela cidade. Para ele, que dorme cedo, o bate e volta foi um sacrifício.
Quando criei meu perfil, queria ter um namorado, não um marido. Então, apesar de estar apaixonada pelo Rafael, dizia que nunca iria me casar novamente. Isso o assustava e, quando peguei conjuntivite e tive de ‘ficar de molho’ durante o fim de semana seguinte, ele achou que estava dando um fora nele. Até conversou com um amigo oftalmologista para ver se era verdade. Acontece que tudo o que eu bradava que nunca mais faria o Rafael me convenceu a fazer. O pedido de namoro veio exatamente um mês depois de nos conhecermos pessoalmente.
Com três meses de namoro, fomos para Monte Verde, em Minas Gerais. Eu, firme na minha decisão, e ele tentando me convencer de que casar era bom. ‘Vamos morar separados com 70 anos?’, ele perguntava. Fui mudando de ideia aos poucos, mas fazia questão de que fosse oficializado: se aceitasse, seria com aliança. Rafael é muito romântico e criativo nos presentes. Com o pedido de casamento não foi diferente. Ele combinou com o dono da pousada e, enquanto almoçávamos, pediu ajuda a ele para arranjar uma aliança, como se não o conhecesse. Morri de vergonha, pensava: ‘O cara vai trazer um anelzinho de lata’. No final, era uma aliança de verdade. Ele se ajoelhou e eu, em choque, disse sim.
+“Eu me apaixonei pelo homem que me assaltou”
A festa seria em julho de 2020, mas a pandemia adiou os planos. O que era para ser uma celebração para 150 pessoas virou um minievento para um grupo de nove, só com a família, em janeiro do ano passado. Alugamos uma pousada em Gonçalves, no sul de Minas. O casamento foi ao ar livre e fizemos muitas coisas à mão mesmo, como os convites. Eu andei até o altar segurando a florzinha de papel que ele me deu no segundo encontro, que guardo até hoje. Acabou que o plano B foi melhor que o original.
Atualmente, moramos juntos em um apartamento na Chácara Santo Antônio e temos quatro gatos. Meu marido, que não curtia muito, hoje é mais ‘gateiro’ do que eu. A cada dia que passa tenho mais certeza de que encontrei minha alma gêmea.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 11 de maio de 2022, edição nº 2788