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Do circo à TV: Domingos Montagner ganha livro que exalta sua trajetória

Obra escrita pelo jornalista Oswaldo Carvalho narra percurso do artista que morreu afogado nas águas do rio São Francisco em 2016

Por Barbara Demerov
Atualizado em 29 abr 2022, 11h38 - Publicado em 29 abr 2022, 06h00

Domingos Montagner foi uma estrela que brilhou forte. Chegou à televisão aos 46 anos, após passar por diversos empregos — professor de educação física, cenógrafo e trapezista foram alguns deles. Nascido no Tatuapé, ganhou destaque em telenovelas da Globo, como Cordel Encantado, Sete Vidas e Velho Chico.

Domingos com os filhos Dante (no colo), Leo e Antonio
Com os filhos Dante (no colo), Leo e Antonio (Acervo Pessoal/Reprodução)

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Essa última, na pele do protagonista Santo, deixou uma marca: foi seu último trabalho na TV. Montagner afogou-se no Rio São Francisco, aos 54 anos, a poucos dias do fim das gravações. A tragédia gerou comoção nacional e, agora, mais de cinco anos depois de sua morte, a vida do ator é registrada em um livro.

Domingos Montagner: o Espetáculo Não Para (Máquina de Livros, 69 reais, 352 págs.), escrito pelo jornalista Oswaldo Carvalho, será lançado na quarta 4, a partir das 18 horas, no Centro Cultural FiespTeatro do Sesi-SP. Além da noite de autógrafos, haverá a apresentação do grupo La Mínima, companhia criada por Montagner e Fernando Sampaio.

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Mais do que a carreira na TV em si, o foco do autor recai nos caminhos que o ator trilhou antes, durante uma trajetória de quase trinta anos no teatro e no circo. A partir de depoimentos de quase uma centena de pessoas, incluindo membros da família do ator, amigos, artistas e diretores, Carvalho narra a história com atenção aos detalhes.

Domingos criança
Domingos (a dir.) com o irmão Francisco (Acervo Pessoal/Reprodução)

“O livro tem todas as reviravoltas de um bom romance, mas procurei revelar aspectos da geração que ele representa: artistas circenses que, ao migrarem do picadeiro para o palco, transformaram a cena cultural da cidade e até do país”, explica o escritor. É uma empreitada de fôlego.

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“O Oswaldo conta a trajetória desde a infância, passando pelo circo e pelo estudo do palhaço, até o dia do acontecimento e a repercussão da morte. Sua narrativa tem tramas, momentos de tensão… Ele não queria que fosse uma biografia datada”, explica a artista de circo e produtora Luciana Lima, viúva do ator.

Domingos comLuciana Lima,sua esposa,no picadeiro
Domingos com Luciana Lima, sua esposa, no picadeiro (Acervo Pessoal/Reprodução)

Ela revela que se sentiu reticente quando foi procurada por Carvalho e Jaqueline Lavôr com a proposta editorial em 2017, mas passou a ficar instigada com a possibilidade.

“Eles foram extremamente delicados, deram o tempo necessário para eu me acostumar com a ideia. Depois, me apresentaram o projeto gráfico. Fomos, gradativamente, estabelecendo esse contato”, diz. Após ler o livro, Luciana acredita que esse foi um período de revisitas que a ajudaram a descobrir fatos sobre a vida do marido.

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Domingos como palhaço
Domingos como palhaço (Acervo Pessoal/Reprodução)

“Como tudo foi baseado em conversas com entrevistados, uma coisa ia puxando a outra. Há passagens em que eu pensava: ‘Que legal isso que ele viveu’. Coisas de trabalho, com a família, até mesmo com o Tatuapé.”

A viúva reforça que Domingos tinha orgulho da origem dele. “Sinto que quem nasce na Zona Leste tem mais disso. A vida geralmente gira em torno do bairro. É como uma cidade, todo mundo cuida das pessoas, do entorno…”, filosofa.

Carteirinha do Corinthians de Domingos
Carteirinha do Corinthians de Domingos (Acervo Pessoal/Reprodução)

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Ela também relembra destaques da carreira de Montagner com base em toda a liberdade como ator, obtida no circo. “O primeiro contato com as artes deu-se de maneira arrebatadora com as aulas de teatro da atriz Myriam Muniz. E foi agregando linguagens em sua trajetória.”

Com Fernando Sampaio na peça As Bailarinas
Com Fernando Sampaio na peça “As Bailarinas” (Acervo Pessoal/Reprodução)

 

Domingos na escola, em 1970
Domingos na escola, em 1970 (Acervo Pessoal/Reprodução)

A educação física foi outro ponto de interseção, ainda mais para Domingos, professor ao longo de uma década. “Há várias bifurcações nesse caminho”, conta ela. “Depois que se apaixonou pelo teatro, vieram a cenografia, o contato com o teatro de bonecos — ele trabalhou por treze anos com a companhia Pia Fraus. Matriculou-se na escola Circo Picadeiro, no fim dos anos 80, e se dedicou à arte de ser palhaço. Domingos sempre estudou bastante”, enfatiza.

A companheira ainda destaca que, apesar de ter participado ativamente do livro, uma parte da relação com o marido foi preservada. “Eu falo mais como passagem de tempo. Como nos conhecemos, como eu entrei no circo… Mas não são muitos detalhes, porque essa é uma coisa que a gente cuidava muito.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 4 de maio de 2022, edição nº 2787

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