TV Cultura organiza grande exposição com acervo reunido por 50 anos
Interativa, a mostra 'Entra que Lá Vem História' será inaugurada na sexta (24), no Shopping Eldorado
Uma fonte de encantamento (e de renda). Assim provaram ser as memórias de quem cresceu assistindo à programação da TV Cultura. A mostra Castelo Rá-Tim-Bum, inaugurada em 2014 no MIS, despertou a faísca nostálgica e somou público recorde de mais de 410 000 pessoas. O potencial foi expandido em 2017, quando uma nova exposição recriou em 700 metros quadrados todo o castelo no Memorial da América Latina e depois ganhou versões itinerantes. No total, 1,5 milhão de visitantes pagaram o ingresso para ver de perto figurinos originais, bonecos, cenários e projeções.
O próximo capítulo da série de grandes montagens é Entra que Lá Vem História, que leva uma parte dos cinquenta anos da TV Cultura para o público a partir de sexta (24), no Shopping Eldorado. “Nossa maior riqueza é nosso acervo. Tanto as marcas infantis quanto as de educação, jornalismo e entretenimento fizeram parte da vida de todos nós”, afirma Ricardo Fiuza, diretor de comunicação e marketing digital do canal.
A novidade chega junto com o anúncio da troca no comando da emissora pública. Ex-vice-presidente da Band e do SBT, o executivo José Roberto Maluf vai substituir Marcos Mendonça na presidência, com a missão de conseguir anunciantes e audiência. “Para ter sucesso com as mudanças, é importante valorizar o que a Cultura tem de melhor. Estamos alinhados com a proposta de ampliar o acesso ao conteúdo, por isso escolhemos fazer a exposição em um grande shopping, com ingressos a preços acessíveis, 12 reais a meia-entrada e 24 reais a inteira. Queremos todo mundo lá”, diz Fiuza.
De acordo com a faixa etária, cada visitante deve sentir o coração acelerar-se por atrações diferentes. A turma que foi criança ou adolescente nos anos 90 vai ter a sonhada chance de entrar no quarto de Lucas Silva e Silva, o personagem vivido pelo ator Luciano Amaral em Mundo da Lua. Entre as peças originais estão a roupa de astronauta que o protagonista fantasiava usar e o gravador com o qual registrava suas confabulações. Detalhes charmosos incluem o telescópio e um telefone que, ao ser tirado do gancho, começa a tocar uma das falas de Gianfrancesco Guarnieri, o avô Orlando na trama.
Para os meninos e meninas da década de 70, o destaque é a primeira montagem de Vila Sésamo. O Garibaldo das gravações iniciais estará em exibição — com as penas azuis usadas no Brasil para melhorar o contraste na tela em preto e branco, e não as amarelas do boneco famoso nos Estados Unidos. Confissões de Adolescente, Cocoricó, X-Tudo e Rá-Tim-Bum (cujo quadro Senta que Lá Vem História inspirou o nome) estarão entre os quarenta nichos em 500 metros quadrados.
O consagrado roteirista e dramaturgo Flavio de Souza (ou o cientista Tíbio, da dupla com Perônio no Castelo, para ficar na referência vintage) foi o responsável pela curadoria. “Participei da parte criativa de nove programas ao longo de vinte anos. A frase que mais escuto é ‘A TV Cultura fez parte da minha infância’ ”, lembra. Em seu texto de boas-vindas, ele levanta a bandeira do valor atual desse conteúdo: “Exaltar uma emissora de comunicação chamada Cultura tem, em 2019, várias camadas de significados. Mais que avivar a memória de quem por esta porta passar, desejamos salientar com provas quanto foi e é importante, raro, precioso e imprescindível o nosso querido Canal 2”.
Orçado em 3 milhões de reais, o projeto da TV Cultura tem produção executiva da Acervo21 e expografia da Caselúdico (os mesmos do sucesso do Memorial) e pretende fazer bom uso daquela vontade do público de registrar tudo em fotos. Entre os cantos mais instagramáveis está a réplica do cenário de Roda Viva, com ilustrações de Paulo Caruso. Será possível sentar-se no lugar do sabatinado ou ainda no dos entrevistadores, onde trechos de programas notórios, como o de Ayrton Senna, serão exibidos.
De olho na acessibilidade, todos os vídeos terão legendas. Das mais de 25 000 fotos do Metrópolis, noventa estarão lá, incluindo a de Marisa Monte no início da carreira. “O mais difícil é fazer o corte. Como representar os mais de trinta anos de Viola Minha Viola sem ocupar um espaço megalomaníaco?”, pergunta Souza. Vinte monitores treinados para dar detalhes da linha do tempo do canal vão recepcionar o público, inicialmente estimado em 400 000 pessoas. “Mas tomara que chegue a 1 milhão”, torce Fiuza.
> Entra que Lá Vem História. Shopping Eldorado.Terça a sexta, 12h às 21h30; sábado e feriados, 10h às 21h30; domingo, 12h às 20h30. R$ 24,00. expotvcultura.com.br.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 22 de maio de 2019, edição nº 2635.