“Troquei o direito pelo humor e meu marido virou alvo das minhas piadas”
Bia Napolitano, 32, conheceu o marido como estagiária de direito civil. Anos depois, decidiu mudar radicalmente de carreira e ele apoiou o sonho
Em 2009, eu tinha 21 anos e era estagiária de direito civil em um escritório de advocacia. Como tal, fazia as tarefas que ninguém mais queria fazer. Eu entrava todos os dias às 13 horas, horário em que a maioria dos advogados estava almoçando, então era sempre difícil encontrar alguém para me orientar. Logo na primeira semana, precisei fazer uma etiqueta e não tinha ideia de como proceder. Foi então que pedi ajuda para o Paulo Duarte, 41, um dos poucos que ficavam por ali no período. Ele diz que, logo que levantou a cabeça para me olhar, foi amor à primeira vista. Ele também não sabia fazer a etiqueta, mas fez questão de ajudar, e deu tudo certo. Depois disso, o Paulo passou a aparecer em todas as happy hours em que eu estava e ficava me observando. Um dia, eu estava bem alegre com os meus amigos, fazendo uma imitação do Silvio Santos, e dividimos um sanduíche. Segundo ele, foi ali que se apaixonou de vez.
Passou algum tempo e comecei a receber mensagens anônimas de alguém dizendo que queria me conhecer melhor, mas não dei bola. Ele tinha comprado um chip de celular com um número diferente, com medo da minha reação. As mensagens não pararam de chegar e também ganhei flores anônimas no escritório. Decidi responder e pedi que o admirador me ligasse, para eu descobrir quem era. Na hora em que ele atendeu, reconheci o sotaque mineiro e não acreditei que era o Paulo. Era a última pessoa em quem eu iria pensar! Fiquei com uma tremenda vergonha porque, na época, ele já tinha 30 anos. Depois disso, o Paulinho começou a insistir para me levar para jantar, e eu desconversava. Meu pai, é claro, estava de cabelo em pé por ele ser nove anos mais velho. Acabamos indo para um restaurante japonês e, naquele dia, demos um beijinho.
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Por causa da diferença de idade, tivemos de adaptar a rotina para agradar aos dois. Enquanto os amigos do Paulo estavam bebendo vinho com a esposa, ele virava uma tequila comigo em algum barzinho. Na época em que trabalhávamos juntos, ele fazia gincanas no escritório, em que eu precisava seguir pistas para encontrar pequenos presentes, como um chocolate escondido atrás do Código Civil da biblioteca. Ele sempre foi um cavalheiro, do tipo que abre a porta do carro e puxa a cadeira da mesa. Um dia ele chegou em casa chorando e pediu minha mão em casamento para o meu pai, que solicitou que esperássemos eu me formar na faculdade. O Paulo cumpriu a promessa e fizemos a festa em novembro de 2013.
Mais ou menos cinco anos depois eu comecei a me sentir cansada da rotina séria da minha profissão e percebi que estava perdendo minha essência brincalhona. Decidi largar tudo, e ele me apoiou. Fizemos uma viagem para a Europa e comecei a postar meus vídeos de palhaçada no Instagram. Eu me apaixonei por aquilo e decidi que era o que queria fazer. O Paulinho virou um dos meus personagens, alvo dos meus xavecos e piadas. Ele é tranquilo e me dá muita liberdade para criar, só não deixa quando peço para filmá-lo pelado (brinca). Apesar disso, no perfil pessoal, ele consegue separar as coisas e mantém sua imagem profissional de advogado tributarista. No futuro, planejo investir em shows presenciais e conteúdos para televisão e cinema, além de manter os perfis no Instagram e TikTok. Ele sempre me incentiva a seguir meus sonhos e ser feliz.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 16 de dezembro de 2020, edição nº 2717.
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