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SP-Arte Rotas Brasileiras chega à 3ª edição em São Paulo

Mostra nacional ganha diretor artístico e setor 'Mirante', dedicado a obras de grande escala

Por Humberto Abdo, Ana Mércia Brandão
Atualizado em 29 ago 2024, 12h35 - Publicado em 29 ago 2024, 12h24
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  • Obra colorida com divindade negra no centro
    Isabela Seifarth Encruzilhadas (2024), acrílica sobre tela (Marcio Lima/Reprodução)

    Versão reduzida e 100% nacional da SP-Arte, a mostra Rotas Brasileiras reúne mais de sessenta expositores e cerca de 250 artistas na 3a edição. Até 1º de setembro, a feira ocupa o galpão da Arca, na Vila Leopoldina, com obras de catorze estados brasileiros e uma seleção de veteranos e nomes em ascensão.

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    Pela primeira vez, o evento tem a colaboração de um diretor artístico, o mineiro Rodrigo Moura, responsável por acompanhar a curadoria de todas as galerias.

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    “Cada estande tem a liberdade de trazer o que quiser, mas sugerimos a escolha de um eixo curatorial”, explica a diretora Fernanda Feitosa.

    “Ressaltei a possibilidade de fazerem solos, mostras de dois ou três artistas em diálogo e exibições temáticas. Muitos toparam”, conta Rodrigo.

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    Obra abstrata em tons amarelos e marrons
    Daniela Busarello: Pau-Brasil I — Cabrália (2024), óleo e cera de abelha sobre tela em linho (Piotr Rosinski/Reprodução)

    É o caso da paulistana Gomide&Co, que convidou Lenora de Barros a observar sua relação com o pai, Geraldo de Barros. Entre esculturas, pinturas e peças de design estão trabalhos que influenciaram a trajetória da artista paulistana, hoje com 70 anos.

    Muitos dos participantes são artistas longevos e octogenários ainda em produção. A fotógrafa Maureen Bisilliat, de 93 anos, é representada pela galeria Marcelo Guarnieri com ensaios sobre sertanejos, caranguejeiras e os índios do Xingu; a estreante Pinakotheke, do Rio de Janeiro, dedica espaço ao pintor José Tarcísio, 83, com produções dos anos 1960 aos2000 sobre os indígenas peruanos e bolivianos; e Claudia Andujar, também com 93, exibe quadros da série Vitória Régia (1972-2024) no estande da Carbono, de São Paulo.

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    Grande quadro horizontal de vitórias-régias
    Claudia Andujar: Vitória Régia (1972-2024), impressão fine art (Filipe Berndt/Reprodução)

    “Além do trabalho de documentação da Amazônia e do povo ianomâmi, Claudia registrou a fauna, a flora e os costumes dos povos indígenas”, afirma Renata Castro e Silva, diretora da Carbono.

    “O Rotas é uma iniciativa importante que trouxe o interesse do público para galerias de outros estados.”

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    Além de aconselhar os expositores, Rodrigo contribuiu com o lançamento do Mirante, setor dedicado a obras em grande escala e raramente exibidas ao público. No centro da feira, trabalhos de Tunga, Rivane Neuenschwander e Adriana Varejão dividem espaço com nomes da nova geração, como Rebeca Carapiá e Jota Mombaça.

    Obra abstrata em tons de cinza
    Jota Mombaça: Quadro Por Isso Muito Cuidado (2024), galeria Martins&Montero (Martins&Montero/Reprodução)

    “É uma área feita para o tipo de obra que as galerias normalmente têm dificuldade de expor. E o próprio nome, Mirante, é um desdobramento do Rotas, pensando nesse lugar com a vista mais estendida da paisagem”, resume ele.

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    O encontro de gerações acontece na seleção feita pela galeria baiana Paulo Darzé, composta por dezenove artistas, como Rubem Valentim, Mario Cravo Jr. e Goya Lopes. Pinturas, esculturas e objetos de parede exploram a divindade africana Exu.

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    “Escolhemos esse eixo temático por entender a urgência de resgatar o sentido original dessa divindade, uma das que mais foram descaracterizadas pela colonização”, explica a diretora Thais Darzé.

    Quadro colorido de pessoas reunidas em área aberta
    Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976): Obra sem título e sem data, galeria Almeida & Dale (Almeida & Dale/Reprodução)

    Assim como a proposta da feira, Renan Quevedo também privilegia a pluralidade artística de todas as regiões do país. Com o projeto Novo para Nós, o ex-publicitário viaja desde 2017 Brasil adentro em busca de nomes da arte popular. Neste ano, escolheu destacar obras sobre festas populares como São João e bumba meu boi.

    “Claro que tenho momentos de perrengue na estrada, mas cada curva traz uma paisagem diferente e cada uma dessas peças écarregada de sonhos”, reflete.

    Sua última jornada passou pelos estados de Pernambuco, Alagoas, Ceará e Paraíba. “Após a mostra, a próxima será em Mato Grosso do Sul”, adianta.

    Quadro em tom laranja com pessoas em estrada
    Maria Auxiliadora (1938-1974): Casamento na Roça (1971), da artista mineira, ocupa o estande do Novo para Nós (Novos Para Nós/Reprodução)

    Bu’ú Kennedy, artista do povo Ye’pá Mahsã, da Terra Indígena Alto Rio Negro, no Amazonas, participa pelo terceiro ano pela Luis Maluf Galeria com a obra Ya’wi’ira, produzida para esta ocasião.

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    “Ela é uma sábia da natureza, uma guardiã que conhece e cuida”, explica o artista sobre a personagem que dá nome à peça. O estande da Luis Maluf também apresenta a ítalo-brasileira Daniela Busarello, que expõe pela primeira vez na capital paulista com a obra Pau-Brasil, um conjunto de quatro pinturas abstratas em grande escala.

    Quadro de casinhas regionais em tons verdes e azuis à noite
    José Antônio da Silva (1909-1996): Festa Junina (1984), óleo sobre tela do pintor paulistano, integra a mostra do projeto Novo para Nós (Novos Para Nós/Reprodução)

    “O pau-brasil é a árvore que mais navegou pelo Oceano Atlântico, principalmente pelo contrabando francês. Somos chamados de brasileiros por causa dela, que representa identidade, mas que desde sua descoberta pelo velho mundo se transformou em ciclo econômico.”

    Para condensar todas essas rotas e temas, o evento terá audioguias e programação de mesas de conversa. E, a partir de sábado (31), a Casa SP-Arte vai receber a primeira exposição internacional.

    Retângulos reluzentes e coloridos lado a lado
    Alê Jordão: Cinéticos (2024), da série Off Light, Galeria Choque Cultural (João Liberato/Reprodução)

    O espaço nos Jardins será ocupado pela galeria Kurimanzutto, com sedes na Cidade do México e em Nova York.

    Trata-se da primeira individual do artista colombiano Oscar Murillo no Brasil, com obras que dialogam com brasileiros como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Cildo Meireles.

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    “Essa feira é indispensável para quem quer se manter em dia sobre a arte brasileira, pois agrega uma série de novos nomes e mantém o espírito revisionista, introduzindo artistas de formas inéditas”, completa Rodrigo.

    Avenida Manuel Bandeira, 360, Vila Leopoldina. Sexta (30) e sabado (31), 12h/20h. Domingo (1o), 12h/19h. R$ 80,00. bilheteria.sp-arte.com

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    Obra abstrata de fundo preto e círculos em vermelho, verde e marrom
    Judith Lauand (1922-2022): Óleo sobre tela (1964), sem título, Galeria Frente (Divulgação/Reprodução)

    Publicado em VEJA São Paulo de 30 de agosto de 2024, edição nº 2908

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