Sérgio Carvalho fala sobre sua coleção de arte contemporânea
Parte do acervo está em exibição no Paço das Artes na mostra <em>Duplo Olhar</em>
Ele gosta de dizer que não coleciona arte, coleciona amigos. Somente compra obras de artistas que já conhece e nunca apenas uma. “Tenho uma quantidade significativa de cada um deles”, afirma o advogado de Brasília, Sérgio Carvalho, de 53 anos. Hoje, tem mais de 1 000 peças distribuídas em seu escritório, sua casa e na de amigos e familiares. Parte de seu acervo está em exibição no Paço das Artes até o dia 6 de abril na mostra Duplo Olhar. Confira abaixo um bate-papo com o colecionador:
Sempre foi aficionado por arte contemporânea? Não. Em 2003, conheci o Nazareno, o José Rufino, o Eduardo Frota e a Valéria Pena-Costa e fiquei encantado com o universo poético de cada um deles, muito diferentes entre si. Eles me apresentaram outros artistas e acabei vendendo minha coleção de trinta gravuras de Oswaldo Goeldi para comprar três fotografias de Lucia Koch.
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Qual o seu critério de compra? Tenho muitos amigos artistas e eles me alertam para as novidades. Depois que me interesso por uma obra, quero conhecer quem a fez. Não tenho nada de um artista que eu não conheça. Por isso digo que coleciono amigos, não obras.
Sua casa é cheia de arte? Já não tenho mais paredes para colocar tudo o que possuo, apesar de ter duas reservas técnicas em casa. Tenho trabalhos em outros seis lugares, entre o meu escritório de trabalho, casa de amigos e familiares.
Foi a primeira vez que sua coleção viajou? Sim, mas nem tudo pode ser transportado. Uma das obras de Sandra Cinto, por exemplo, só veio em parte. Quando eu encomendei uma instalação para a Sandra, ela me pediu fotos de diversos locais da minha casa para escolher o que iria fazer. Escolheu uma de minhas salas e preparou parte da obra em seu ateliê, em São Paulo. Essa parte está no Paço. Depois ela ficou mais três dias em Brasília pintando o resto da parede para completar a instalação.
Quem são os novos nomes que têm chamado atenção? Finalmente está havendo um movimento de bons artistas em Brasília. Gosto dos trabalhos de Camila Soato, Christus Nóbrega, João Angelini, entre outros.
Possui obras deles? Claro, já fiz a rapa. Nunca compro apenas uma peça, gosto de ter um acervo significativo dos artistas, algo entre dez e vinte obras. É como se eu tivesse uma individual de cada um.