Dois registros asiáticos ocupam as telas paulistanas
Da Coreia do Sul vem <em>A Filha de Ninguém</em> e, da China, <em>Um Toque de Pecado</em>
Hong Sang-soo, sul-coreano de 52 anos, é o diretor de Hahaha e A Visitante Francesa, ambos já exibidos na cidade. Seu cinema consiste em detalhes e é realizado com uma câmera em geral estática, longos planos e histórias curiosas. Embora haja um progresso estético em A Filha de Ninguém, o roteiro fica aquém do de trabalhos anteriores. O foco recai sobre a jovem estudante Hae-Won (Jung Eun-Chae). Na primeira parte da trama, ela tem uma conversa com a mãe, que vai se mudar para o Canadá. Parece a filha perfeita. Em seguida, a moça reencontra seu professor (papel de Lee Sun-Kyun), casado e prestes a ser pai. Revela-se, assim, outra pessoa. Em uma das melhores sequências, o casal de amantes depara com outros alunos num bar. Sang-soo extrai daí diálogos desconcertantes.
O roteiro de Um Toque de Pecado foi premiado no Festival de Cannes neste ano. E não à toa. Chinês de 43 anos, Jia Zhang-ke volta a tocar num assunto recorrente em seus filmes anteriores: as transformações pelas quais passou seu país nos últimos tempos. Para isso, o cineasta divide seu longa-metragem em quatro histórias, todas com alguma forma de violência como reflexo da realidade. A primeira capta a explosão de revolta de um operário de uma mina de carvão que, sentindo-se lesado pelo patrão, vira um serial killer. Na segunda, um ladrão também abusada artilharia para roubar. A terceira trama traz um casa lde amantes cuja mulher é chamada de prostituta po rtrabalhar como recepcionista de um bordel. O desfechos e dá com a trajetória de um rapaz contratado para um serviço ilícito. São momentos de personagens em crise em uma nação tomada de assalto pelo capitalismo.