Pinacoteca abre exposição sobre a modernidade na arte norte-americana

'Pelas Ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos' e reúne obras de artistas como Andy Warhol e Edward Hopper

Por Agência Brasil
Atualizado em 6 abr 2023, 13h59 - Publicado em 27 ago 2022, 11h59
Exposição na Pinacoteca,
Exposição na Pinacoteca (Rovena Rosa/Agência Brasil/Reprodução)
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No ano em que o Brasil celebra o centenário da Semana de Arte Moderna e o bicentenário de sua Independência, a Pinacoteca de São Paulo inaugura hoje (27) uma exposição para dialogar com esses dois eventos e examinar como a ideia de modernidade foi elaborada, apresentada e discutida fora do país, especificamente nos Estados Unidos.

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A exposição Pelas Ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos 1893-1976 é em colaboração com a organização Terra Foundation for American Art e reúne 150 obras, de 78 artistas, entre eles, nomes muito reconhecidos da arte mundial como Andy Warhol e Edward Hopper e o fotógrafo Robert Frank. Há também a obra Wanted Poster Series #14, de Charles White (1918-1979), que pela primeira vez tem um trabalho seu exposto no país. A obra questiona os resquícios de uma mentalidade escravista a partir de um pôster do século 19, onde se ofereciam recompensas por escravizados fugidos.

“É uma exposição que a gente pensou especificamente para 2022, ano em que a gente comemora os 100 anos da Semana de Arte Moderna, que é um marco na história da arte brasileira, e também o Bicentenário da Independência do Brasil. Para nós é um momento em que devemos pensar que história da arte brasileira nós desejamos contar com nossa coleção e que arte e que história desejamos para o nosso país?”, disse Jochen Volz, diretor geral da Pinacoteca.

Pelas Ruas é um passeio pelas cidades norte-americanas, mostrando como essa nova concepção artística vai dialogando com a transformação dessas cidades em grandes centros urbanos e com os prédios que se erguiam cada vez mais em direção ao céu. A arte que se apresenta nessa exposição mostra as cidades cada vez mais modernas e os conflitos que vão decorrendo desse crescimento: as multidões, as migrações, as reivindicações sociais, a segregação, os olhares melancólicos de passageiros no transporte público, o entretenimento, a solidão e até mesmo os encontros.

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“Há esse momento da migração e da urbanização que, se por um lado, traz muitos problemas sociais e ambientais, também traz uma cultura muito rica, tais como a criação do jazz nos Estados Unidos, da cultura rock pop, dos teatros. E tudo isso está muito presente nessa exposição”, explicou o diretor da Pinacoteca.

A curadoria é de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca; Fernanda Pitta, professora assistente do MAC-USP, e Taylor L. Poulin, curadora-assistente da Terra Foundation.

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“Essa exposição é uma reflexão sobre a modernidade nos Estados Unidos, sobre a arte no século 20 nos Estados Unidos. E ela busca paralelos entre a produção brasileira e a produção norte-americana”, disse Valéria Piccoli, em entrevista à Agência Brasil.

Na Pinacoteca, o percurso para ver essas obras é iniciado com uma sala dedicada à Exposição Universal de Chicago, um grande evento que foi realizado em 1893 para comemorar os 400 anos da chegada de Cristóvão Colombo à América. E o Brasil esteve presente nessa ocasião, se apresentando internacionalmente como um país republicano pela primeira vez. Um dos trabalhos que foi apresentado nessa exposição de 1893 é Leitura, de José Ferraz de Almeida Júnior, que faz parte do acervo do museu e estará em exibição nessa mostra.

A visita pelas setes salas dedicadas à exposição Pelas Ruas é encerrada em dois núcleos: Cidades reimaginadas, que trata sobre a contracultura; e Engajamento e separação, que explora o espaço urbano como palco para manifestações e reivindicações. É aqui que se encontra uma gravura feita por Andy Warhol, em 1965, de cunho político, que aborda um episódio de violência policial ocorrido no estado do Alabama.

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“O bicentenário da independência americana está evocado ao final da exposição nesse momento em que as ruas dos Estados Unidos são tomadas por vários movimentos que reivindicam direitos civis. E acho que esse momento de luta e de efervescência é uma reflexão importante para a gente agora, nesse momento em que comemoramos nosso bicentenário. Momento de pensar, enfim, por que tipo de sociedade a gente quer lutar”, disse a curadora da mostra. “O final da exposição também apresenta a possibilidade de sonhar outros jeitos de se viver em comunidade. Acho que também é importante a gente pensar sobre isso”, ressaltou Valéria.

Por meio dessa mostra, as curadoras ainda destacam a arte norte-americana produzida por mulheres, tais como as fotografias de arquitetura feitas por Berenice Abbott, em Nova York. Outras imagens de cunho social, que abordam situação dos desempregados e imigrantes em São Francisco, feitas por Dorothea Lange, e os retratos de Gordon Parks sobre a cena musical do Harlem, um bairro periférico e predominantemente negro de Nova York, também estarão expostas.

No âmbito da exposição será organizado ainda um workshop entre pesquisadores brasileiros e norte-americanos para discutir e debater o movimento modernista americano e as intersecções com a arte brasileira.

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Aos sábados, a entrada na Pinacoteca é gratuita para todas as pessoas. Às quintas-feiras também há visitação gratuita, de 18h às 20h, por cortesia da B3 Oficial, patrocinadora do museu. A exposição fica em cartaz até 30 de janeiro de 2023. Outras informações sobre a mostra podem ser obtidas no site da Pinacoteca.

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