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“O racismo dificilmente vai diminuir”, diz Péricles

Cantor volta aos palcos atento aos novos hábitos de saúde e fala sobre Thiaguinho, preconceito e a relação com a esposa, CEO da empresa que agencia carreira

Por Guilherme Queiroz
29 out 2021, 06h00

Aos 52 anos, Péricles Faria segue como um dos principais nomes do samba brasileiro, em carreira-solo após o fim do grupo Exaltasamba, em 2012. Lançando disco atrás de disco, retoma os shows com apresentação na capital paulista. Pai do cantor Lucas Morato, 28, e de Maria Helena, de 1 ano, o artista, que sempre morou em Santo André, no ABC, detalha os cuidados com a sua saúde, intensificados durante a pandemia, revela o que ensina para os filhos sobre racismo e conta novidades sobre sua carreira.

Você fará um grande show presencial. Como será essa volta?

Eu estou muito ansioso. Nós do setor do entretenimento ficamos muito tempo longe do palco, já que dependemos da aglomeração. Agora nesse 6 de novembro, ainda respeitando os critérios da saúde, estaremos lá no Espaço das Américas para fazer esse show da turnê Tô Achando que É Amor.

Uma confusão sobre uma fala do Thiaguinho no Altas Horas, da Globo, acabou levando a um boato de que o Exaltasamba iria voltar. Esse pedido constante pelo retorno do grupo o incomoda?

Muito pelo contrário, me deixa muito feliz. As pessoas clamam por uma volta, mas o Exaltasamba existe. Estamos aí, cada um batalhando pelo seu lugar. Mas as pessoas têm dificuldade de entender as coisas: eu sigo minha carreira-solo e o Thiaguinho segue a dele. O que ele falou foi que, inevitavelmente, uma hora dessas pode ser que surja uma turnê com Péricles e Thiaguinho.

Você mudou a percepção sobre sua alimentação e a própria saúde, se cuidando mais durante a pandemia. Mas agora a agenda começa a lotar de novo. Como ficam os cuidados do Péricles com o Péricles?

Se eu não cuidar da minha saúde, não vou estar apto para desenvolver o meu trabalho. A Farias Produções, que é o nosso escritório, depende muito da minha saúde.

E quando se deu conta disso?

Um outro fator importantíssimo é o nascimento da minha filha, Maria Helena. Se eu não estiver bem, como eu posso ser um bom pai para essa menina?

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Como são os horários do Péricles?

Eu costumo dormir tarde, não durmo antes das 2 horas, mas às 9 horas estou de pé, faço meus exercícios, meus alongamentos. Controlo toda semana o meu emagrecimento, diariamente minha alimentação. Além de nutricionistas, tenho o personal trainer, que digo para muita gente que me salvou.

Você fez sua primeira participação em um filme. Tem mais algum em vista?

O filme se chama Barraco de Família (ainda sem data de lançamento, Santa Rita Filmes) e tem um elenco fora do comum. Estou muito feliz com esse momento, principalmente com tudo o que está acontecendo profissionalmente para mim. Além, claro, das campanhas (publicitárias) de que participei. As empresas viram no Péricles uma boa junção para alavancar as vendas dos seus produtos.

Você é pai do Lucas Morato, um adulto, e da Maria Helena, uma bebê. O que você tem a ensinar a eles sobre o racismo que já sofreu?

O que eu tenho a ensinar é a atitude que eu tenho perante esses problemas. Eles têm que andar sempre de cabeça erguida. O racismo dificilmente vai diminuir. Tem gente que ainda não se acostumou que as pessoas devem ser olhadas com igualdade.

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Por que o racismo não vai diminuir?

Acho que em um curto prazo ele não vai diminuir. Só a educação vai fazer com que mude. Uma população mais bem educada vai saber lidar com racismo e preconceito.

E no meio disso temos a polarização no Brasil, ainda muito forte. Se considera progressista?

Um artista é sempre cobrado a se posicionar. Mas a minha posição é defender quem está ao meu redor.

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O Péricles costuma ter posicionamentos definidos sobre pautas como o machismo. Músicas como Se Eu Largar o Freio, que fala sobre um homem chateado por chegar em casa e encontrar uma casa malcuidada pela esposa, têm lugar no seu repertório de shows?

Essa música não sai do meu repertório porque é uma grande sátira a esse Brasil em que se vivia, onde a mulher ficava em casa e o homem saía para o trabalho. É um momento alto no show, onde as pessoas cantam de peito aberto, sem se apegar a qualquer tipo de discussão. Umas meninas fizeram como se fosse uma resposta, e eu adorei, achei bem oportuno.

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No passado, você foi inspetor de alunos na Zona Leste, então conhece bem o ambiente escolar. O que acha da volta obrigatória às aulas presenciais?

Ainda não tenho uma opinião quanto a isso, mas não vejo com bons olhos algo obrigatório. Acho que, se a gente sentar, conversar e ter um consenso entre a população e os órgãos responsáveis, a saída pode ser melhor.

“As pessoas têm dificuldade de entender as coisas: eu sigo minha carreira-solo e o Thiaguinho segue a dele”

Se quando chegar a hora de a Maria Helena ir para a escolinha a pandemia ainda estiver rolando, o que você e a Lidiane pensam em fazer?

A Maria Helena faz 2 anos agora em janeiro. Acreditamos que a partir de novembro, quando você tiver estádios, shows voltando, a vida vai tomar um novo rumo. Estamos procurando uma escola para, quem sabe, a partir do ano que vem, ela estudar.

A Lidiane é a CEO da Farias Produções, que faz o gerenciamento da sua carreira. Qual o impacto disso no relacionamento de vocês?

A gente se completa tanto que não sabe onde começa CEO e termina esposa. Ela se tornou uma grande gestora, cuidando muito bem da nossa carreira nos últimos quatro anos. Vem fazendo com que o trabalho do Péricles seja cada vez mais visto. Com isso, o nome da Farias Produções vai crescer a ponto de em um futuro abrirmos as portas para gerenciar a carreira de outros artistas.

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Há algo de novo que você apresentou para os fãs que tenha uma pitadinha da Lidiane?

Tudo que a gente faz tem a mão forte dela. Uma das novidades mais importantes é o volume 2 do Pagode do Pericão, que a gente vai gravar no Recife, com a direção-geral da nossa CEO, Lidiane Faria, no aniversário da Maria Helena, no dia 29 de janeiro.

Todo mundo deve reconhecê-lo em qualquer lugar, mas em Santo André a coisa deve ser mais complicada. Evita sair na rua?

Muito pelo contrário. Eu saio e faço exatamente o que sempre fiz. Vou ao mercado, à padaria, a qualquer lugar. Outros artistas às vezes não conseguem viver dessa forma e eu, como consigo, levo isso à frente.

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Publicado em VEJA São Paulo de 3 de novembro de 2021, edição nº 2762

 

 

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