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Cinco novas casas de show agitam a capital

Com capacidade para até 1 000 pessoas, estabelecimentos oferecem boa programação nacional

Por Juliene Moretti Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 Maio 2017, 14h26 - Publicado em 12 Maio 2017, 12h17
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  • De pés descalços e sorriso no rosto, a cantora baiana Maria Bethânia não escondeu a satisfação de se apresentar em São Paulo na última terça (9) — dia de lua cheia, como ela fez questão de frisar —, diante de aproximadamente 500 convidados. “É uma honra e uma felicidade subir num palco novinho”, disse ela, ao pisar na estreante Casa Natura Musical, em Pinheiros.

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    A inauguração da casa de shows encerra um longo período de mais de uma década no qual a cidade amargou o fechamento de diversos endereços do gênero. Em 2006, a baixa mais sentida foi a do Olympia, na Lapa. Na sequência, dois ícones encerraram as atividades: o antigo Palace (chamado então de Citibank Hall), em Moema, e o Via Funchal, na Vila Olímpia, ambos em 2012.

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    No início do ano passado, quando o Tom Jazz deixou seu casarão em Higienópolis para se tornar um projeto itinerante, parecia que as opções do paulistano ficariam restritas à programação da rede Sesc ou de locais maiores (e de ingressos mais salgados), como o Espaço das Américas, na Barra Funda, e o Allianz Parque, em Perdizes.

    Passagem de som na estreia: show para 500 convidados sentados (Alexandre Battibugli/Veja SP)

    Contrariando o cenário pessimista, uma nova leva de casas de espetáculos começou a surgir no fim de 2016. Em comum, elas apostam num formato mais compacto, com menores pretensões de público — mas não menos charme e infraestrutura. É o caso justamente da Casa Natura Musical, cuja lotação máxima comporta 1 000 pessoas em pé.

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    Toda a concepção do projeto começou há cinco anos, com a produtora Vivá Cultural, formada pelos empresários Edgard Radesca, fundador do Bourbon Street, reduto do jazz há 23 anos em Moema, e Paulinho Rosa, do bem-sucedido palco de forró Canto da Ema, mais a artista Vanessa da Mata. “Tínhamos um problema na música brasileira: muitos bons artistas e pouco palco”, afirma Rosa.

    Rosa e Radesca: craques nos bastidores (Ricardo DAngelo/Veja SP)

    Com a ideia de abraçar toda a diversidade da produção nacional, o trio encontrou eco nas pretensões culturais da marca de cosméticos Natura, dona há doze anos de um programa musical que já lançou álbuns de nomes consagrados, como Elza Soares e Chico César, e de revelações, como a banda paulistana O Terno. “Precisávamos de um local fixo para os artistas”, diz Fernanda Paiva, gerente de marketing institucional da Natura.

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    Os proprietários não abrem o jogo em relação aos custos do prédio de 1 360 metros quadrados divididos em três pavimentos, mas estimativas do mercado dão conta de que o investimento total não seria de menos de 10 milhões de reais.

    Maria Bethânia com Vanessa da Mata, uma das proprietárias: variedade de estilos no repertório (Reinaldo Canato/Veja SP)

    A arquitetura inovadora, que inclui paredes de revestimento de pau a pique, jardins verticais ao redor do elevador panorâmico, palco com dois camarotes laterais reservados e rooftop todo decorado com plantas, foi assinada pelo Estúdio Penha e pela Triptyque Architecture. “O intuito era abrir a música para a cidade, e por isso construímos na frente uma escadaria com esplanada para apresentações em formato pocket na calçada”, diz a sócia-fundadora do escritório de arquitetura Carolina Bueno.

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    Em sintonia com as 150 atrações prometidas para o primeiro ano, preferencialmente nacionais, o cardápio da casa também investe em receitas brasileiras, criadas sob a coordenação da chef Morena Leite.

    De porte similar, o Teatro Opus abriu as portas em abril, no Shopping Villa-Lobos, com um show esgotado do Titãs para 751 pessoas. “Podemos explorar aqui atrações que não lotariam o Teatro Bradesco”, diz Isabella Oliveira, gerente-geral do lugar, administrado pela Opus Produções, também responsável pela casa de 1 439 lugares no Bourbon Shopping.

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    Espaço na Vila Madalena: até 200 pessoas (Leandro Godoi/Veja SP)

    A próxima atração do palco de 290 metros quadrados instalado numa área de 1 800 metros quadrados está marcada para sexta (19): é João Bosco, com ingressos a partir de 120 reais. Até o fim do ano, eles querem somar 200 apresentações, tanto de teatro quanto de música.

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    A variedade agrada ao público, é claro, mas também anima o mercado nos bastidores. “A falta de locais de médio porte é um problema para o artista que ainda não explodiu”, afirma o empresário Felipe Simas, responsável pelo cantor Tiago Iorc e pela dupla Anavitória. “Isso acontece no país inteiro, mas em São Paulo era inconcebível”, completa, comemorando as inaugurações recentes.

    Casa de Francisca: novo endereço no centro (José de Holanda/Veja SP)

    O nicho dos espaços mais intimistas também está aquecido. Em setembro, o Breve abriu as portas na Lapa. Por noite, no máximo 200 pessoas curtem atrações independentes e alternativas.

    Já subiram no tablado bem rente ao chão artistas internacionais, como Michele Stodart, vocalista da banda inglesa The Magic Numbers, e outros nomes da cena brasileira atual que ainda não criaram um público fixo, caso do quarteto paulistano de rock instrumental E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante e dos cariocas do Ventre.

    “A vantagem do espaço pequeno é que a partir de cinquenta pes soas o clima da casa já fica bom e o músico pode se sentir uma estrela”, garante um dos sócios, Fernando Dotta, também à frente do selo musical indie Balaclava.

    Breve, nova casa de shows para bandas independentes: espaço aberto desde setembro (Reinaldo Canato/Veja SP)

    Pioneira na composição de espetáculos minúsculos, a Casa de Francisca, criada há dez anos nos Jardins com 44 lugares, acabou sendo expandida para atender à demanda de público. Em fevereiro, foi transferida para o belo Palacete Teresa Toledo Lara, completamente restaurado, no centro.

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    Tanto a agenda de projetos autorais, escolhidos cuidadosamente por Rubens Amat to, quanto o ar de cabaré com uma pequena arquibancada foram mantidos, mas a capacidade pulou para 120 pessoas. Do mesmo tamanho, a nova e charmosa Tupi Or Not Tupi ocupou um casarão de 500 metros quadrados dos anos 50, na Vila Madalena, onde antes funcionava o bufê infantil Tupiniquim, comandado pela empresária Angela Soares.

    Ela decidiu mudar de ramo quando os filhos cresceram. Ao lado da produtora musical Jeanne de Castro, do músico Fábio Tagliaferri e do economista Marcos Barreto, começou a testar um formato de jantar com música ao vivo no espaço de eventos Oca Tupiniquim, também na Vila Madalena.

    Teatro Opus: capacidade para 751 espectadores (Mila Maluhy/Veja SP)

    Deu certo e veio a coragem para empreender. Diminuto, o palco equipado com um piano de meia cauda já recebeu João Donato, Ivan Lins, Rosa Passos, Fabiana Cozza e Luiz Tatit, entre outros, com ingressos de 35 a 200 reais (com jantar incluído), além de noites gratuitas.

    A acústica foi uma das principais preocupações: 184 painéis de MDF revestidos de lã de PET garantem o isolamento. “De qualquer ponto é possível ver os intérpretes e ouvir claramente as canções”, orgulha-se Angela.

    Para fechar a conta, a empresária pretende abrir para o almoço a partir de junho e também alugar a casa para festas particulares. “Se fosse pensar friamente, não seria a época para investir em um empreendimento como este, mas a cultura é fundamental”, completa.

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    NATURA MUSICAL
    O projeto da produtora Vivá Cultural em parceria com a Natura ocupa desde a última semana um prédio de três pavimentos e mais de 1 360 metros quadrados em Pinheiros. A decoração rústica inclui paredes revestidas de pau a pique. A promessa é de 150 shows anuais de artistas de grande apelo, como Gal Costa, Tom Zé e Alceu Valença.

    TUPI OR NOT TUPI
    O diminuto espaço na Vila Madalena aposta em nomes como Chico Salem, Ivan Lins e Luiz Tatit.

    TEATRO OPUS
    Com capacidade para 751 espectadores, o local recebe peças teatrais e shows, como o de João Bosco, na sexta (19).

    CASA DE FRANCISCA
    Dos Jardins, o projeto se transferiu em fevereiro para um espaço maior no centro. O Palacete Teresa Toledo Lara recebe a cada noite 120 pessoas interessadas na programação brasileira de qualidade.

    BREVE
    Aberta em setembro, na Lapa, a casa comporta no máximo 200 pessoas. Sobem no tablado rente ao chão boas bandas de indie-rock.

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    AGENDA RECHEADA
    Programe-se para as melhores atrações que estão por vir

    (Reprodução/Veja SP)
    (Reprodução/Veja SP)
    (Reprodução/Veja SP)

    Casa Natura Musical. Rua Arthur de Azevedo, 2134, Pinheiros, ☎ 4003-6860.
    Teatro Opus. Shopping Villa-Lobos, ☎ 4003-1212.
    Casa de Francisca. Rua Quintino Bocaiúva, 22, centro,☎ 3052-0547.
    Tupi Or Not Tupi. Rua Fidalga,360, Vila Madalena, ☎ 3813-7404 ou 3817-4488.
    Breve. Rua Clélia, 470, Pompeia. Não tem telefone de informações.

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