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Musical de Elvis Presley com Leandro Lima aquece a cena rockabilly na capital

Fã-clubes, festas, aulas de dança e até loja de molduras temática mantêm vivo o legado do artista

Por Laura Pereira Lima
Atualizado em 1 ago 2024, 12h41 - Publicado em 1 ago 2024, 09h00
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'Elvis: A Musical Revolution': versão brasileira (Flávio Florido/Veja SP)
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Fãs de todas as idades prometem lotar as 108 sessões do musical Elvis: A Musical Revolution. O espetáculo, em cartaz no Teatro Santander, é uma versão nacional da apresentação biográfica da Broadway, o único musical com autorização do uso da marca Elvis, que entra em cartaz na capital paulista nesta quinta-feira (1º) após temporadas nos Estados Unidos e na Austrália.

A montagem brasileira, assinada pela mesma dupla de produtoras por trás de Donna Summer Musical e We Will Rock You — Brazil, promete acrescentar um toque extra ao texto escrito pelos americanos Sean Cercone e David Abbinanti. “Não tenho interesse em seguir um roteiro como uma bíblia. Gosto sempre de adaptar, de trazer algo novo”, explica Miguel Falabella. Responsável pela direção e adaptação, ele inova desde as primeiras cenas, ao iniciar a trama com a morte. “O espetáculo inteiro é uma viagem da cabeça dele. Elvis dialoga com uma versão mais jovem de si mesmo, relembrando momentos de sua trajetória. É como se eu visse o Miguel de 23 anos chegando na TV Globo cheio de sonhos”, conta.

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Falabella: adaptação e direção de texto americano (Flávio Florido/Veja SP)

O cenário também foi recriado na montagem brasileira, orçada em 9 milhões de reais. Escadas douradas gigantes preenchem todo o palco, na maior estrutura cênica já vista no Teatro Santander. “Ele teve uma vida muito aprisionada, por isso pensei em colocá-lo em uma espécie de gaiola dourada”, conta o diretor, que se inspirou nas famosas escadas infinitas do artista holandês M.C. Escher.

O Rei do Rock será interpretado por Leandro Lima, revelado na novela Pantanal e na série Coisa Mais Linda, que enfrenta, pela primeira vez, o desafio de trabalhar em um musical. “É uma grande novidade para mim, e me exige um enorme esforço. É uma dedicação de atleta olímpico”, conta o ator, que também tem carreira musical e já cantou em uma banda de axé. Sua rotina durante a produção incluiu horas de exercícios vocais, longos ensaios e períodos em total silêncio para poupar as cordas vocais, mas sempre ao som de músicas do Elvis. “A gente está respirando esse musical. Não consigo falar de nenhuma outra coisa.”

A história de Leandro com o ícone americano é antiga. Aos 16 anos, foi apresentado ao astro por uma namorada, muito fã do artista. “Ela dizia que eu parecia o Elvis. Sempre achei isso engraçado”, lembra. Mas, apesar de ter uma voz grave como a dele, Leandro não pretende imitá-lo. “Ele é único. Se você quiser ver o Elvis, tem milhares de vídeos no YouTube. O que eu quero é levar a minha energia para contar a história dele.” O respeito à história do ídolo do rock é, talvez, o grande mote do musical. Tanto é que, em meados de julho, Leandro visitou Graceland, a mansão onde Elvis viveu, na cidade de Memphis, nos Estados Unidos. “Fui até o túmulo dele, fazer uma oração, pedir permissão para contar essa história”, relata. A viagem também o ajudou a ter dimensão do legado do roqueiro, que ainda mobiliza e influencia fãs mundialmente. “Foi incrível ver de perto tudo aquilo que estudei nos últimos meses.”

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Além de Leandro, o elenco inclui Daniel Haidar, que interpretará o protagonista nas sessões desta sexta (2) e nos dias 8, 15, 22 e 29 de agosto, Caru Truzzi, no papel da ex-esposa Priscilla, e Luiz Fernando Guimarães, que celebra cinquenta anos de carreira na pele do Coronel Parker, o controverso agente de Elvis Presley. “Eu adoro o Coronel Parker. Acho que todo canalha tem um lado bom, e ele não é exceção”, comenta o ator.

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Luiz Fernando, no papel do Coronel Parker (Flávio Florido/Veja SP)

Canções atemporais como Jailhouse Rock, Hound Dog, Heartbreak Hotel e Love Me Tender ambientam a biografia teatral, que narra momentos da infância humilde, da relação com Priscilla e com os pais e também de suas incursões no mundo das drogas. “A música é tão boa que ela é ouvida até hoje”, celebra Falabella. Sobre a relevância de Elvis, que atualmente tem mais de 20 milhões de ouvintes mensais no Spotify, o diretor não hesita. “Ele enlouquecia as pessoas e liberou sexualmente toda uma geração, que começou a ter uma relação pélvica com a vida. Foi uma grande onda contra o moralismo.”

Com mais de 150 pessoas na equipe, 15 toneladas de cenografia e 600 metros de LED programável, a superprodução, ao que tudo indica, ficará restrita ao palco do Teatro Santander, já que, fisicamente, não poderá ser transportada. “Quem quiser ver, venha, porque vai ser algo único”, alerta Falabella.

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Walteir Terciani, 77, planeja assistir ao espetáculo pelo menos cinco vezes, para ver as diferentes visões da plateia. Presidente e fundador do Gang Elvis Fan Club of Brazil, criado em 1967 e um dos mais antigos do mundo, ele é uma das vozes que mantêm vivo o legado do ídolo na cidade. Assistente social aposentado, foi convidado a assistir ao ensaio com a orquestra e se emocionou. “A produção foi muito respeitosa com o Elvis”, nota. Um certo alento para o fã, que terá a chance de ver uma homenagem à altura de seu ídolo após a frustração de, por pouco, não o ter visto em vida. “Trabalhava em dois lugares ao mesmo tempo para arrecadar dinheiro e marquei a viagem para o começo de setembro de 1977. Conversei com a secretária e ela disse que me apresentaria a ele, mas ele partiu no dia 16 de agosto”, lamenta Terciani, que vai para Memphis quase anualmente, em uma peregrinação que reúne adoradores de todo o mundo. “Ele era muito verdadeiro. Nunca deixou ninguém para trás”, conta.

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Unidos pelo rei: Walteir e Berenice são fãs de carteirinha (Flávio Florido/Veja SP)

Berenice Dib, dona da loja de molduras Elvis Arts — Arte & Decoração, é uma das peregrinas. Sua loja no Centro da cidade, próxima ao Largo do Arouche, é inteira dedicada ao Rei do Rock, com quadros, fotos, pinturas e até estátuas de papelão em tamanho real — quase tudo suvenires de suas viagens à terra do rei. A artista e restauradora é outra admiradora do musical. “Todos que interpretam Elvis têm algo dele, mas o Leandro fez de um jeito particular e muito bem-feito. Não imitou, prestou uma homenagem”, afirma.

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O dançarino Felipe Lima: cena rockabilly em alta (Julian-Franhan e Ana-Di-Castro/Divulgação)
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Para os fãs dos anos 1950, cuja estética está muito associada ao astro, o momento é favorável. “A cultura rockabilly está retomando sua influência”, analisa Felipe Lima, psicólogo e professor de dança, sobre o crescimento das festas do gênero na cidade. “Hoje temos uma comunidade forte”, completa. Na moda, os anos 50 também continuam em alta. Marilia Skraba, modelo e dona de um estúdio de fotografia pinup, conta que atende de crianças a senhoras, fascinadas pelo estilo retrô. “Elvis foi o grande divulgador dessa estética”, explica. Não há dúvidas, Elvis é imortal.

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Marilia Skraba: estética pinup foi valorizada pelo astro do rock (Jorge Vargas/Veja SP)

Elvis: A Musical Revolution. Teatro Santander. Shopping JK Iguatemi, ☎ 4810-6868. → Qui. e sex., 20h. Sáb. e dom., 16h e 20h. R$ 39,00 a R$ 380,00. Até 1º/12. 

Publicado em VEJA São Paulo de 2 de agosto de 2024, edição nº2904

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