MPL faz hoje quarto ato contra aumento da tarifa
Grupo vai se concentrar nos cruzamentos das avenidas Rebouças e Faria Lima por volta das 17h
Após três manifestações que tiveram desfechos diferentes, o Movimento Passe Livre (MPL) realiza nesta terça (19) o quarto ato contra o reajuste das tarifas de ônibus, trem e metrô de 3,50 reais para 3,80 reais. Os ativistas defendem a estatização do transporte público, o imposto progressivo sobre fortunas para custear a mobilidade urbana e a revogação dos novos preços. A concentração será às 17 horas, no cruzamento das avenidas Rebouças e Brigadeiro Faria Lima, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.
Protestos anteriores:
1º ato
Em 8 de janeiro, o grupo se reuniu no Teatro Municipal, na região central, e caminhou em direção ao Corredor Norte-Sul. Uma linha de frente formada por mascarados black blocs abriu caminho aos manifestantes. A PM estimou que 3 000 pessoas participaram. Ao passar o Vale do Anhangabaú, os ativistas tomaram a pista sentido Zona Norte. O protesto seguia pacífico até que os black blocs pularam para o outro lado da avenida, bloqueando o tráfego de veículos.
A chamada “Tropa do Braço”, que acompanhava de perto o ato, reagiu. A PM atirou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, enquanto os mascarados respondiam com pedras, garrafas e bombas caseiras. O ato terminou com três policiais feridos, 17 manifestantes detidos, além de ônibus da prefeitura e carros da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) depredados.
No dia, a PM disse ter prendido um jovem que supostamente portava um explosivo caseiro. No entanto, imagens divulgadas em redes sociais fizeram com que a Justiça mandasse soltar o manifestante, já que o vídeo mostrava policiais tirando a bomba que estava na calçada e colocando na bolsa dele.
Um PM do serviço reservado da corporação chegou a ser agredido por manifestantes. Um dos agressores era filho de um policial. Como o fato também foi gravado e divulgado nas redes sociais, o próprio pai entregou o filho à polícia.
2º ato
A manifestação de 12 de janeiro começou na Praça do Ciclista, no encontro da Rua da Consolação com a Avenida Paulista, na região central. O dia foi marcado pelo impasse entre manifestantes e Polícia Militar. O MPL queria descer a Avenida Rebouças para chegar ao Largo da Batata, em Pinheiros, na Zona Oeste. A PM proibiu o trajeto, cercou a concentração do ato e exigiu que os manifestantes seguissem o caminho preparado pela corporação, que ia da Rua da Consolação até a Praça da República.
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O MPL resolveu manter o trajeto. Enquanto o o integrante do grupo Mateus Preiss informava o comandante da operação, a PM começou a atirar bombas. Em seis minutos de repressão policial, pelo menos 40 artefatos do Choque explodiram entre os manifestantes.
Pequenos grupos de manifestantes se distribuíram por bairros do centro de São Paulo. Pela primeira vez, a região nobre de Higienópolis conviveu com bombas da PM e sacos de lixo queimados por mascarados. O ato terminou com 24 pessoas feridas, oito detidas e nenhum policial machucado.
Durante a noite, o secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, elogiou a ação da PM e disse que era a corporação quem iria determinar os caminhos que os manifestantes deveriam seguir, criticando a falta de aviso prévio dos trajetos de interesse do MPL. Enquanto isso, o Passe Livre marcava um ato para a próxima semana.
Preparação
No dia seguinte ao segundo protesto, entidades de Direitos Humanos criticaram a conduta da PM. Segundo elas, a polícia impediu o ato de começar. A Secretaria Estadual da Segurança Pública e o Ministério Público Estadual convidaram os integrantes do MPL para comparecer a reuniões. Os ativistas recusaram os convites, criticaram as medidas da PM e disseram que os diálogos com o poder público deveriam ser feitos com as pastas de Transportes das gestões Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
3º ato
O Passe Livre marcou atos em lugares diferentes em 14 de janeiro: um no Largo da Batata e outro no Teatro Municipal. Após o segundo protesto não ter começado sob a alegação do poder público de que o MPL não informou o trajeto, os ativistas divulgaram os itinerários com algumas horas de antecedência. A PM aprovou e acompanhou. As marchas foram pacíficas em sua maior parte.
Após o tradicional jogral do MPL, manifestantes invadiram as Estações Consolação e Butantã do Metrô. Na primeira, houve depredação e confronto. Na segunda, a ViaQuatro, responsável pela Linha 4-Amarela, liberou as catracas para um grupo de manifestantes que ficou sentado dentro da estação.