Continua após publicidade

Morre a atriz e cantora Bibi Ferreira aos 96 anos

Ela estava em sua casa, no Rio de Janeiro

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 13 fev 2019, 15h21 - Publicado em 13 fev 2019, 15h02

A atriz e cantora Bibi Ferreira, de 96 anos, morreu nesta quarta (13). A informação foi confirmada pelo empresário Marcos Montenegro. Ela estava em sua casa, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. A causa da morte foram problemas cardíacos.

Toda vez que uma artista brasileira pisar no palco para defender a bandeira de um espetáculo musical, por trás dela estará a imagem e a influência de Bibi Ferreira. Mesmo que esta jamais tenha visto Bibi em cena. A atriz, cantora e diretora foi umas das pioneiras desse gênero no Brasil e a artista que melhor soube dosar talento dramático e potência vocal em personagens criados tanto por autores nacionais como por estrangeiros.

Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina Aida Izquierdo, ela nasceu no Rio de Janeiro como Abigail Izquierdo Ferreira, ao que tudo indica, em 1º de junho de 1922. Reza a lenda que sua certidão exibia a data de 10 de junho, e o pai dizia que a única filha tinha vindo ao mundo no dia 4. Bibi, porém, sempre acreditou na mãe, que garantia que havia dado à luz no dia 1º.

Foi vista no palco pela primeira vez aos 24 dias de vida. Uma boneca que deveria estar em cena não foi localizada pelos contrarregras, e o bebê serviu de substituto. Depois de rápidas participações em trabalhos realizados pelos pais, Bibi estreia definitivamente com atriz na comédia La Locandiera, no papel da protagonista Mirandolina, em 1941, montada pela companhia de seu pai.

Continua após a publicidade

Três anos mais tarde, Bibi contava 22 anos e, incentivada por Procópio, criou a própria companhia. Para tanto, contratou estrelas ascendentes, como as atrizes Cacilda Becker, Maria Della Costa e Henriette Morineau, e percebe que precisa se adaptar a um novo momento do teatro, com propostas mais naturalista e dispensa o uso do ponto. O recurso era muito comum até então e consistia em um profissional que, escondido debaixo do palco, sobrava o texto para os artistas. Na mesma época, ainda estuda direção em Londres, participa do filme The End of The River, rodado na Inglaterra, e excursiona com suas peças por Portugal.

Nos anos de 1950, Bibi se firma como diretora ao comandar encenações de A Herdeira, de Henry James, e Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues. A grande renovação profissional se deu na década de 1960 – e, assim, seria lembrada pelo resto de sua carreira. Bibi alcança grande popularidade e prestígio com a crítica ao protagonizar grandes musicais americanos, que faziam grande sucesso na Broadway, como My Fair Lady e Alô, Dolly!. Também comandou por três anos na televisão o programa Brasil 60, exibido pela Excelsior, que apresentava entrevistas com grandes nomes da cultura brasileira.

O casamento com o dramaturgo Paulo Pontes, dezoito anos mais jovem, trouxe uma nova faceta para o trabalho de Bibi. Pontes, que era militante político, passou a colaborar com a artista em produções como Brasileiro, Profissão Esperança e Dom Quixote de La Mancha, que, através da literatura, traziam mensagens críticas à ditadura militar.

Continua após a publicidade

O auge da parceria de Bibi e Pontes foi o musical Gota d´Água, escrito por ele ao lado de Chico Buarque, inspirado na tragédia grega Medeia. A atriz ficou sete anos em cartaz na pele de Joana, uma mulher sofrida, que vivia em um conjunto habitacional miserável, com o marido sambista e os dois filhos. Abandonada, ela trava a mais dolorosa das vinganças ao assassinar os dois rebentos. São desse espetáculo canções antológicas de Chico como Gota d´Água, Basta Um Dia, Bom Querer e Flor da Idade. Pontes morreu vitimado por um câncer um ano depois da estreia.

A cantora francesa Edith Piaf se tornou talvez o personagem mais célebre da carreira de Bibi. Depois de muita resistência – afinal, após Gota d´Água, a atriz receava não encontrar papel mais impactante –, ela estreia Piaf, A Vida de uma Estrela da Canção, em 1983, dirigida por Flávio Rangel. Bibi faturou os principais prêmios, ficou em cartaz por seis anos e foi aplaudida por mais um milhão de pessoas.

Tanto que nas três décadas seguintes montaria vários derivados de Piaf em shows musicais que correram o Brasil, Portugal e chegaram até os Estados Unidos. Também dedicaria um espetáculo para revisitar o cancioneiro da portuguesa Amália Rodrigues e outro para os sucessos de Frank Sinatra.

Voltou às comédias em 2007 em Às Favas com os Escrúpulos, dividindo o palco com o ator Juca de Oliveira, sob a direção de Jô Soares. Nos últimos anos, incansável, Bibi permaneceu em cena em montagens que celebravam seus grandes momentos no palco e deixavam os fãs surpresos com tamanho vigor nos números musicais. Bibi teve seis casamentos e deixa uma única filha, Teresa Cristina, a Tina, nascida em 1954.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.