Empresário revitaliza prédios no centro e inaugura ‘galeria pop’
Houssein Jarouche é conhecido como dono da Micasa, a loja de móveis de luxo mais famosa da capital
A Rua Roberto Simonsen, no centro, não era ponto de encontro de tantas pessoas numa mesma noite havia pelo menos duas décadas. Pois, no fim do mês passado, recebeu dezenas de boêmios descolados no edifício de número 85. Eles celebravam a abertura do Prédio Sé, um casarão de cinco andares de 1905, totalmente revitalizado. Depois da repaginação, o lugar passou a funcionar como um espaço para festas, gravações e desfiles.
Em agosto, está marcada uma sessão de fotos no local, que deve receber outros eventos ainda no segundo semestre. O estilo de galpão industrial e as luzes de LED foram adequados às paredes e ao piso, originais. Comandando os pickups — com som eletrônico minimalista —, o anfitrião e dono do pedaço, Houssein Jarouche, de 43 anos, tirava o headphone vez por outra para cumprimentar os convidados.
O empresário é mais conhecido como o dono da Micasa, a loja de móveis de luxo mais famosa da capital, localizada nos Jardins. Com 800 metros quadrados, o estabelecimento vende artigos assinados por designers consagrados mundialmente, como Frank Gehry, canadense, e Charles Eames. A peça mais barata ali, uma caixa de ferramentas, custa 250 reais. Um dos itens mais caros é uma estante de 5 metros de largura (60 000 reais).
Além de cuidar do negócio, Houssein gosta de comprar imóveis antigos e reformá-los. Há quatro anos, ele transformou uma casa tombada na Rua Major Diogo, na Bela Vista, que se tornou seu escritório principal e ganhou o nome de Plataforma 91. Ele adquiriu o edifício da Sé por 1,7 milhão de reais, em um leilão da Caixa Econômica Federal. “Meu sonho é ver a região bonita, limpa e segura no futuro”, afirma.
Para a decoração do prédio, recorreu ao acervo de cerca de 2 000 móveis devidamente catalogados que mantém guardado em um galpão no Sacomã, na Zona Sul. Alguns itens vieram de lojas especializadas de Nova York. Outros foram arrematados em antiquários e casas de leilão em São Paulo.
No início de julho, o empresário entrou no mercado de arte. Dedicada a obras com uma pegada pop, a Galeria Houssein Jarouche, nos Jardins, abriga 200 peças de nomes como Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Keith Haring, além dos brasileiros Claudio Tozzi e Mauricio Nogueira Lima.
Houssein montou seu primeiro comércio aos 19 anos, quando transformou um pequeno boteco de São Bernardo do Campo em uma descolada loja de utensílios de cozinha. A Micasa surgiu na capital em 2004. “Tinha conquistado uma clientela fiel para objetos de casa e decidi ampliar o negócio”, conta. Já teve propostas para abrir filiais, mas nunca aceitou. “Perderia o controle da qualidade”, justifica.
Em outubro, o espaço vai passar por uma reforma, quando ganhará mais 300 metros quadrados. Até o fim do ano, o empresário pretende aumentar o leque de empreendimentos com a inauguração de duas filiais da marca suíça Vitra, de móveis de design, no Shopping Iguatemi e nos Jardins.
Vestindo camisetas de bandas como a britânica The Cure, Houssein marca presença na loja Micasa diariamente. É amigo de grande parte dos seus sessenta funcionários, e vive insistindo para que todos se vistam de preto e leiam manuais de estética.
Descendente de libaneses, é muçulmano e frequenta toda semana uma mesquita em São Bernardo. Visita todos os anos o país onde seus pais nasceram. “Eles sempre sonharam que eu me casasse lá com uma muçulmana”, conta.
Apesar dos quatro noivados, só subiu ao altar uma vez — a união teve duração de seis meses. Depois, teve dois filhos (Natália, 20 anos, e Aly, 8), de duas namoradas. Atual mente, está com a top Fabiana Mayer. “Com ela, eu quero me casar”, diz.