Fotógrafo Boris Kossoy explora absurdos do cotidiano
Quarenta imagens do artista e professor da USP serão exibidas na Galeria Berenice Arvani, a partir de quarta (13)
Figura indispensável para a compreensão da trajetória da nossa fotografia, Boris Kossoy exibe quarenta imagens na Galeria Berenice Arvani a partir de quarta (13). Feitas sobretudo nos últimos três anos, embora a seleção tenha um ou outro exemplar clicado nas décadas de 70 e 90, as obras foram reunidas pelo curador Diógenes Moura sob o título Busca-me. “Não existe trabalho artístico sem algo de autobiografia”, defende o paulistano Kossoy, professor da USP e um dos grandes historiadores do gênero no país.
+ Dez curiosidades sobre Alfredo Volpi, que ganha nova biografia
Assim, ele leva a câmera a tiracolo em viagens à Europa, aos Estados Unidos e pelo Brasil, para flagrar cenas que possam remeter ao próprio passado. “Um ou outro elemento me traz lembranças da infância. Essas pequenas peças formam um mosaico de recordações, a memória em si”, diz. A série Viagem pelo Fantástico, do fim dos anos 60, tornou o artista conhecido por abordar elementos absurdos inseridos no cotidiano — como um maestro regendo em um cemitério vazio, por exemplo.
Agora, Kossoy deixa de lado as cenas previamente pensadas, próximas da ficção, e aposta no acaso para alcançar o mesmo resultado. O gosto pelos personagens tristes e misteriosos, contudo, persiste. Manequins em uma loja de Madri, um vulto escuro no metrô de Washington (idêntico a outro diante de um teatro nova-iorquino) ou uma escultura à sombra de uma janela do palácio Belvedere, de Viena — tudo remete à impossibilidade de estabelecer um realismo estático e sem nuances na vida humana.