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Exposição idealizada por Emanoel Araújo destacará independência da Bahia

Em entrevista à Vejinha em 29 de agosto, artista falou sobre mostra no Museu Afro Brasil que estreia em novembro, a última da qual ele foi curador

Por Hyndara Freitas
Atualizado em 7 set 2022, 15h02 - Publicado em 7 set 2022, 14h44

Emanoel Araújo, que morreu nesta quarta-feira (7), concedeu entrevista à Vejinha no dia 29 de agosto, na qual falou sobre a exposição São Paulo, 1822 – Bahia, 1823: datas da Independência do Brasil, que estreia no Museu Afro Brasil em 15 de novembro. Araújo era diretor-curador do museu, e falou com orgulho da mostra que, segundo ele, “buscará entrelaçar as histórias de dois processos de independência do país: a proclamada em 7 de setembro de 1822, em São Paulo, e aquela que só conheceu seu desfecho no ano seguinte, em 2 de julho de 1823, na Bahia”.

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Na entrevista, o multifacetado artista – escultor, pintor, desenhista, figurinista, cenógrafo e gravurista – contou que a exposição será uma espécie de “contraponto” à história que é contada no Museu do Ipiranga. “Diferentemente do grito do Ipiranga, a gente quer que esse evento celebre a consciência do povo brasileiro de sua independência. [A independência] não foi um processo homogêneo em todo o país”, disse na ocasião.

De fala lenta porém eloquente, Araújo explicou de forma detalhada o processo de independência da Bahia, que se deu após diversas batalhas contra tropas portuguesas. “É uma história que é muito local baiana, mas que é muito interessante do ponto de vista de uma outra proclamação”, afirmou, destacando que, na independência da Bahia, a participação popular foi essencial.

Segundo historiadores, em junho de 1822, militares portugueses dispararam tiros contra uma vila em Cachoeira, município da Bahia, desencadeando uma guerra contra soldados brasileiros. O problema é que o exército brasileiro estava desfalcado e com armas precárias, então a população de negros escravizados, indígenas, homens e mulheres trabalhadores no geral se juntaram à causa e formaram um exército. Em 2 de julho de 1823, as tropas portuguesas finalmente deixaram Salvador, após diversas batalhas, consolidando a independência da Bahia.

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Desde então, o 2 de julho é comemorado na Bahia com diversos festejos populares, com a celebração de personagens como Joana Angélica, o Caboclo e a Cabocla, Maria Quitéria, o Corneteiro Lopes e João das Botas. Araújo disse à Vejinha que a exposição no Museu Afro Brasil vai incluir essas figuras conhecidas e também personagens anônimos que ajudaram no processo de independência. “É um desfile muito pungente. O que nós queremos fazer aqui é trazer esses elementos que constituem a independência da Bahia, as pessoas que participaram, não só as que estão na nominata como também a população de escravizados que foram enviados pelos senhores de engenho para batalhar nessas batalhas de cachoeira, e torná-los mais conhecidos”, falou.

Segundo o curador do museu, a exposição terá obras importantes que estão em Salvador, como o retrato de Dom Pedro Pedro, do artista Bento Rufino Capinam, e uma escultura de 4 metros de altura do Caboclo, que é a grande estrela do desfile de 2 de Julho de Salvador.

Emanoel Araújo nasceu em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, em 15 de novembro de 1940. Em 1959, realizou sua primeira exposição individual ainda em sua terra natal. Mudou-se para Salvador na década de 1960 e ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura. Foi diretor do Museu de Arte da Bahia entre 1981 e  1983, lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York, foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 1992 e 2002 e, em 2004, fundou o Museu Afro Brasil, do qual foi curador até sua morte. Expôs em várias galerias e mostras nacionais e internacionais, somando cerca de 50 exposições individuais e mais de 150 coletivas.

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