Museu do Ipiranga reabre após nove anos fechado

Evento na noite desta terça reuniu autoridades, patrocinadores e convidados. Público poderá visitar a partir de 8 de setembro

Por Hyndara Freitas
Atualizado em 27 Maio 2024, 21h35 - Publicado em 6 set 2022, 21h40
Fachada do Museu do Ipiranga.
Museu do Ipiranga: reaberto em setembro de 2022. (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Sob um frio de 14 graus e chuva, convidados, autoridades, patrocinadores e imprensa se reuniram no Museu do Ipiranga, que foi entregue na noite desta terça-feira (6), após passar nove anos fechado. No evento, representantes do governo federal e estadual discursaram em tom político, cada qual exaltando os feitos de seus gestores – ainda que em searas em nada relacionadas ao museu.

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Ampliado e reformado a um custo de 235 milhões de reais, o museu abre para o público geral a partir desta quinta (8) e será a principal atração da comemoração do bicentenário da independência do Brasil. A visita só pode ser feita mediante reserva de ingressos na internet, mas as primeiras datas esgotaram em poucos minutos e agora é preciso esperar a disponibilidade de novos bilhetes.

A sensação de visitar o museu é uma mistura de nostalgia com surpresas. O edifício mantém suas características e arquitetura originais, com quadros clássicos como o Independência ou Morte, de Pedro Américo, como estrelas. Mas o museu adota novidades importantes, como a acessibilidade – que está presente em pinturas em alto relevo para serem tocadas e todas as comunicações com opções em Libras e Braille – e a interação, com objetos para tocar. Em alguns casos, há até potes com aromas de café e terra para sentir. O museu ainda abusa de elementos audiovisuais para deixar o visitante mais imerso nas mostras.

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Museu do Ipiranga tem pinturas em alto relevo para maior acessibilidade. (Hyndara Freitas/Veja SP)

O novo Ipiranga ainda acerta ao se atualizar com os Contrapontos, que são vídeos exibidos em determinadas salas que contam uma história diferente da “oficial” sobre a independência e a presença dos portugueses no Brasil. Em uma das exposições, por exemplo, indígenas contam que os colonizadores precisaram da ajuda dos povos nativos para conseguir se alimentar e se localizar na nova terra. As contextualizações e leituras críticas estão por toda parte, com textos que apontam que mulheres eram vistas como objetos e pessoas negras eram retratadas de maneira pejorativa em anúncios publicitários.

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Museu do Ipiranga aposta em elementos audiovisuais em todas as exposições.
Museu do Ipiranga aposta em elementos audiovisuais em todas as exposições. (Hyndara Freitas/Veja SP)

O evento

Em seu discurso na entrega do museu, Rosária Ono, diretora do Ipiranga, exaltou o protagonismo de mulheres em todo o processo de restauração do local. “Esse novo espaço resulta da dedicação de muitos homens e mulheres e a elas que eu gostaria de dedicar este momento. Essa obra foi comandada por uma engenheira mulher, uma curadora mulher, os ladrilhos foram restaurados por uma mulher, o independência ou morte foi restaurado por uma mulher”, disse, emocionada.

Também estavam presentes o ministro do Turismo Carlos Brito, o secretário especial de Cultura Hélio Ferraz, o prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB), o secretário de Cultura e Economia Criativa Sérgio Sá Leitão, o reitor da USP Carlos Gilberto Carlotti Junior e os representantes da família real Dom João de Orleans e Bragança e Dom Alberto de Orleans e Bragança.

Nesta quarta, as portas do museu se abrirão para os primeiros visitantes: trabalhadores da obra e seus familiares, além de alunos e professores de escolas públicas.

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A comemoração dos 200 anos de independência terá manifestações artísticas dentro do museu e nos seus arredores, como a Avenida Dom Pedro I e o Parque da Independência, e se estende a outros equipamentos de cultura da capital, como museus, teatros e casas de cultura de diversas regiões.

No Parque da Independência, o público poderá curtir shows de artistas como Criolo, Vanessa da Mata, Priscila Alcantara, Juliette e Gaby Amarantos no dia 7 de setembro.

Discursos políticos

O ex-governador João Dória (PSDB) subiu ao púlpito em frente ao museu e discursou como se governador fosse. Oficialmente, o secretário de governo, Marcos Penido, representava o governador Rodrigo Garcia (PSDB), mas foi Doria quem fez o grande discurso da noite em nome do Poder estadual, se referindo à entrega como “a realização do nosso governo”.
Já o secretário estadual de Cultura Sérgio Sá Leitão exaltou a vacina e a despoluição do rio Pinheiros feita pelo governo Doria-Garcia.

O atual governador não compareceu pois não pode entregar obras por uma vedação da lei eleitoral, já que ele é candidato à reeleição. Nesta quarta (7), porém, ele fará uma visita ao local.

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Já o ministro do Turismo Carlos Brito exaltou o papel do governo federal na obra, que recebeu recursos da Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, mas não ficou por aí: falou de pandemia, de ações de sua pasta e exaltando o presidente Jair Bolsonaro em áreas como infraestrutura, combate à fome e segurança pública. “Nenhuma vacina chegou a nenhum município a não ser pelo governo federal”, afirmou, e recebeu vaias e gritos de várias pessoas que estavam presentes. Também em nome do governo federal, o secretário especial de Cultura Hélio Ferraz, falou da “liberdade” e “soberania do povo brasileiro” nesse bicentenário.

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