Em expansão, galeria Gomide muda de endereço e aposta em nova frente de negócios
Celebrando bons negócios e seu aniversário de dez anos, a galeria de arte paulistana passou a ocupar o térreo de um edifício na Avenida Paulista
Em um endereço disputado na cidade, a esquina da Avenida Paulista com a Angélica tem uma nova inquilina. É a Gomide&Co, uma das principais galerias de arte do país.
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Em março, ela deixou a casa remanescente da Vila Modernista, projetada pelo arquiteto Flávio de Carvalho (1899-1973) na década de 30, na Alameda Ministro Rocha Azevedo, nos Jardins, para ocupar a intersecção de duas grandes avenidas de São Paulo. A mudança veio a tempo da celebração de seu aniversário de uma década e chancela a fase de expansão vivida pela galeria.
A nova sede ocupa um espaço de 600 metros quadrados — a antiga tinha 130 metros quadrados — no térreo do Edifício Rosa, uma construção dos anos 70. O local foi reformado pelo escritório Acayaba + Rosenberg Arquitetos e recebeu um projeto de retrofit na fachada envidraçada, com o propósito de adotar um material que inibe a incidência de raios solares e protege as obras de arte, sem perder a integração com o lado externo.
O pontapé inicial foi dado com Não Vejo a Hora, mostra individual da paulistana Lenora de Barros (segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 11h às 17h).
“A conquista de um espaço com essa escala, nesse endereço e com um time de artistas incrível vem coroar os dez anos da galeria”, afirma o fundador e sócio Thiago Gomide. “Ela está no melhor momento de toda a sua história, a todo o vapor.”
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A mudança de sede é acompanhada também de uma nova configuração na diretoria: Fabio Frayha, ex-diretor do Masp e administrador especializado em artes visuais, assume como sócio ao lado de Thiago — posição antes ocupada por Antonia Bergamin, que deixou o cargo em agosto de 2021 para fundar a Galatea — e Luisa Duarte, crítica de arte, curadora e pesquisadora, passa a atuar como diretora artística.
Juntos, os três coordenam a aposta em um novo segmento. Consolidada no mercado secundário de obras de artistas não vivos, a Gomide&Co está investindo agora na representação comercial. A expectativa da direção é que a nova frente de negócios incremente o faturamento em 50% — atualmente já corresponde a 30%. A mineira Teresinha Soares acaba de fechar um contrato com a galeria e se torna a nona artista representada pela marca. Ela é a próxima a estrelar uma exposição na nova sede, prevista para maio.
A Gomide&Co surfa em uma maré alta. Na última SP-Arte, que ocorreu de 29 de março a 2 de abril no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera e que vai ser a nova ocupante da casa na Vila Modernista, relata ter vendido mais de sessenta obras e arrecadado um faturamento bruto na casa dos 12 milhões de reais. Atualmente, a empresa emprega dezoito colaboradores.
Para Frayha, um dos diferenciais da galeria é seu pioneirismo na internacionalização dos negócios. “Ela se movimentou desde muito cedo para levar a arte brasileira para fora”, afirma o novo sócio.
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“Como todo negócio que cresce, ocorre um processo natural de operacionalização. A minha vinda e a mudança para um espaço maior são os primeiros movimentos sólidos dessa ambição de crescimento”, acrescenta. O administrador define que as metas para os próximos anos são “manter a posição jovem, dinâmica e inovadora que ocupa, investir no mercado primário e pensar em projetos fora da caixa”.
Thiago corrobora com a análise do parceiro, mas reconhece que há ainda muito a desenvolver, para além do investimento na representação comercial. “Gostaria de construir mais relações institucionais com museus e o terceiro setor. Tem galerias que fazem isso muito bem, com curadores e bienais. Pretendemos avançar nesse campo”, comenta. O fundador é categórico ao definir qual é a ambição da Gomide&Co para a próxima década: “A gente vai ser a maior galeria do Brasil”.
Publicado em VEJA São Paulo de 26 de abril de 2023, edição nº 2837