“Ele me fez ver o potencial que eu tinha”
Nathalia Arcuri, da Me Poupe!, conta como ela e seu companheiro, Érico Borgo, ficaram juntos e como ele se interessou por quem ela é e sempre a incentivou
“Com poucas pessoas que conheci na vida eu senti que podia ser eu mesma. Sempre fui diferente e não me enturmava com todo mundo. Na escola já poupava dinheiro, não fumava maconha, não ia para balada, não comprava roupa de marca. Para meus antigos relacionamentos, eu era muquirana ou mão de vaca. Queria mudar a vida financeira das pessoas, mas me disseram que não podia por não ser economista. O Érico acreditou em mim desde o começo e me passou uma segurança que nem eu sabia que tinha. Eu o conheci enquanto trabalhávamos como jornalistas. Fomos enviados para entrevistar os atores do filme Velozes e Furiosos 6 em Los Cabos, no México. Nossas passagens foram impressas juntas e sentaríamos lado a lado, mas antes Érico pediu para trocar de assento porque não estava a fim de puxar papo durante horas com uma desconhecida. Eu estava doente e, enquanto esperava, toda catarrenta, o carro no aeroporto do México, acabei encontrando Érico. Ele pesquisou meu nome no Google para descobrir quem eu era. Apresentou-se e percebeu que eu estava mal. Disse que sabia onde vendia um suco de laranja muito bom e, por gentileza, me comprou um. Ambos casados na época, ficamos amigos.
Aquela viagem era uma exceção, eu geralmente cobria tragédias. Do aeroporto até Los Cabos ele se mostrou interessado em minha carreira como repórter e em minhas histórias malucas de desastres. O trabalho de Érico era diferente, com hospedagens em bons hotéis e entrevistas com famosos. Entre nossos assuntos em comum estava a paixão por cachorros.
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De volta ao Brasil, mantivemos contato. Ele se mostrou preocupado enquanto eu cobria as manifestações de 2013 sobre o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo. Depois de mais de um ano de conversa, acabamos nos separando de nossos antigos parceiros em períodos próximos e começamos a conversar de um jeito… diferente. Eu sou uma mulher direta, estava separada e um tempão sem transar. Perguntei se o Érico não queria fazer esse papel. Nós dois somos muito racionais e ele entendeu a proposta. Era algo sem compromisso, quase como um contrato assinado. Marcamos hora e lugar. Da minha parte, a intenção era não ter envolvimento emocional. Não houve joguinhos de sedução. Conversamos tanto que ele acabou me conhecendo bem — e talvez seja uma das pessoas que mais me conhecem — e o amor foi acontecendo com base na admiração. Chegou uma hora que não queríamos mais estar separados.
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Depois do meu divórcio, todas as contas da casa passaram a ser só minhas e eu precisava fazer uma renda extra. Aproveitei a época da Copa do Mundo em 2014 e coloquei meu apartamento para alugar. Pedi para morar com o Érico por uma semana, que passou para três e acabei me mudando (e dividindo as contas, claro). Eu saí do meu trabalho, peguei um dos quartos do apartamento dele e o reformei para transformá-lo no estúdio do meu canal no YouTube sobre educação financeira (@mepoupenaweb, também no Instagram). Ele estava ganhando melhor do que eu, então fizemos o ‘trato do cafezinho’: ele pagava os almoços e eu bancava os cafés. Depois de dois anos, ele vendeu o imóvel e nós alugamos outro. Eu não tinha condições de arcar com os custos do novo espaço. Chamei o Érico para conversar, mostrei as contas e escrevi em um guardanapo quanto eu poderia contribuir — o valor que ele pagaria era três vezes maior. Hoje, a situação se inverteu. Érico deixou o site de entretenimento Omelete para investir em um novo projeto, a produtora Huuro (@huuro_), e é quem paga os cafezinhos. Além do trabalho, passamos todos os fins de semana reformando nossa nova casa no sul de Minas Gerais, com espaço para horta — cuidada por Érico, que até já criou o programa Borgo Rural como brincadeira — e para nossos cães.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 10 de novembro de 2021, edição nº 2763