Conheça as histórias reais que inspiraram filmes em cartaz
A estreia <em>No</em>, com Gael Garcia Bernal, reforça um filão que está em alta nas telas: os longas que reconstituem fatos marcantes da realidade
No thriller político No, que chega aos cinemas nesta sexta (28), o diretor chileno Pablo Larraín usou câmeras antigas e negativos envelhecidos para captar de forma convincente um período da história de seu país: o plebiscito de 1988, quando o poder do ditador Augusto Pinochet (1915-2006) foi posto em xeque. Na tela, o efeito visual deixa no espectador a sensação de ter voltado no tempo.
Outros seis filmes em cartaz na cidade também se inspiram em fatos marcantes da realidade para compor obras de ficção. Conheça um pouco mais sobre eles:
O thriller dirigido pelo ator Ben Affleck reconstitui um caso que, de tão mirabolante, parece até ficção: a partir do livro de Antonio Mendez, o cineasta conta a história de uma operação secreta da CIA que ainda não havia sido revelada ao público. Em 1979, o clima de tensão no Oriente Médio beirava o insuportável. Os iranianos estavam insatisfeitos com os Estados Unidos por eles terem concedido asilo político ao xá Reza Pahlevi, cuja ditadura foi derrubada por uma revolução. Revoltado, um grupo radical invadiu a embaixada americana em Teerã e fez os funcionários reféns. Seis deles, porém, conseguiram escapar e se refugiaram na casa do embaixador canadense. Para resgatá-los, surge uma ideia aparentemente absurda: os agentes americanos entrariam no país disfarçados de produtores de cinema, para encenar em solo iraniano um filme de ficção científica chamado Argo. Cotado ao Oscar, o filme deixou um certo gosto de insatisfação diplomática no Canadá: o longa, segundo seus críticos, minimiza a participação do país no resgate dos americanos.
Adaptado do livro autobiográfico de Eliette Abecassis, o drama francês narra a história de um jovem casal que está prestes a ter um bebê. Parece uma trama corriqueira, mas o tempero inusitado fica por conta da forma como ela é narrada, alternando momentos de ternura e de sofrimento. O roteiro seria, num primeiro momento, escrito por uma mulher. Mas o próprio diretor, Remi Bezançon, decidiu assumir esse papel. O olhar masculino para o tema é um diferencial importante da produção.
O diretor espanhol Joan Antonio Bayona, de O Orfanato, filma o horror do tsunami que varreu o Sudeste Asiático em 26 de dezembro de 2004. A trama relembra o calvário vivido por Maria (interpretada por Naomi Watts), que passava férias com a família em um resort na Tailândia quando a tragédia ocorreu. O roteiro, com traços documentais, mostra não apenas o desespero dos personagens, mas o caos que se instala nas ruas do país. Detalhe curioso: no roteiro, a família espanhola de Maria mudou de nacionalidade e virou britânica.
Uma história pessoal está no centro deste drama argentino. O diretor Benjamin Ávila cria uma trama que remete à sua infância e que relembra o período militar na Argentina, entre 1976 e 1983. Embora tenha traços autobiográficos, eles são transformados sutilmente por várias licenças poéticas. O personagem principal é o menino Juan (Téo Gutiérrez Romero), que, tal como seus pais, precisa mudar de nome e viver na clandestinidade para escapar das pressões políticas.
A comédia dramática que levou mais de 20 milhões de franceses aos cinemas – e atraiu mais de 1 milhão de espectadores por aqui – foi inspirada na história real de Philippe (papel de François Cluzet), um milionário tetraplégico que busca um cuidador. O cargo é preenchido por Driss (Omar Sy), um homem malandro vindo da periferia. Entre eles nasce uma amizade improvável. O longa é uma adaptação de dois livros: um escrito por Philippe, O Segundo Suspiro, e outro de Abdel Sellou, Você Mudou a Minha Vida, ambos lançados no Brasil pela editora Intrínseca.
O livro clássico Pé na Estrada, publicado em 1957, foi escrito por Jack Kerouac para narrar algumas de suas experiências “beat” nas paisagens americanas. Com o pseudônimo de Sal Paradise (interpretado por Sam Riley), o autor rememora o período em que ainda era um aspirante a escritor, na Nova York de 1947. Ao conhecer Dean Moriarty (Garrett Hedlund), ele descobre um mundo de sexo livre, drogas e jazz. Dirigido por Walter Salles, o longa foi criticado por ter amenizado muitas das passagens mais despudoradas de um romance que se tornou símbolo de transgressão juvenil.