Um Evento Feliz
- Direção: Rémi Bezançon
- Duração: 107 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: França/Bélgica
- Ano: 2011
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Barbara (Louise Bourgoin, de As Múmias do Faraó) faz tese de mestrado em filosofia e mora sozinha. Já o cuca-fresca Nicolas (Pio Marmaï) trabalha como atendente em uma videolocadora. Da troca de olhares, surgem uma deliciosa paquera e uma noite inesquecível. Voilà. Barbara e Nicolas ficam grudados, passam a dividir o mesmo teto e a afinar intimidades. Pouco tempo depois, chega a notícia: eles vão ter um bebê. O que seria algo bacana na vida da maioria dos casais torna-se uma pedrinha no relacionamento dos protagonistas da comédia dramática francesa Um Evento Feliz. A princípio, o roteiro do filme adaptado do livro autobiográfico de Eliette Abecassis seria escrito por uma mulher e mãe. O diretor Rémi Bezançon insistiu com a produtora para que ela mudasse de ideia e convidasse um homem sem filhos para a tarefa. Resultado: o próprio Bezançon se encarregou do texto. O distanciado olhar masculino e dois protagonistas sem muita ligação afetiva com crianças tornaram a história ainda mais crível. Toda a narrativa percorre as dores e a delícia de ser mãe. Primeiro, são os enjoos; depois, o barrigão. Barbara não vê mal algum em transar grávida, mas o marido, incomodado, a rejeita. Sem sexo e muito irritada, a moça nota apenas o lado negativo da gestação. Em seguida, vêm o caro enxoval, o parto doloroso, os choros do bebê, as noites maldormidas e, por todos os motivos anteriores, uma depressão e a crise no casamento. Contudo, a fita não é tão pessimista no retrato da mãe de primeira viagem. Há momentos bastante ternos no longa, sobretudo quando Barbara se apega, de uma forma até radical, à filha. O enredo trata a maternidade de várias maneiras. Como ácida comédia de humor negro, romance ou drama conjugal, Um Evento Feliz se destaca pela original reunião de gêneros, tornando-se realista na medida certa. Estreou em 21/12/2012.