Infância Clandestina
![infancia-clandestina.jpeg](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/infancia-clandestina.jpeg)
- Direção: Benjamin Ávila
- Duração: 112 minutos
- Recomendação: 14 anos
- País: Argentina/Espanha/Brasil
- Ano: 2011
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
![Infância Clandestina: drama argentino com toque autobiográfico Infância Clandestina: drama argentino com toque autobiográfico](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/infancia-clandestina.jpeg?quality=70&strip=info&w=417&w=636)
![Juan e seus pais em momento descontraído: cotidiano de mentiras e fugas em Infância Clandestina Juan e seus pais em momento descontraído: cotidiano de mentiras e fugas em Infância Clandestina](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/dsc07070b.jpeg?quality=70&strip=info&w=800&w=636)
![Infância Clandestina: história de um menino de 11 anos cujos pais são militantes políticos, na Buenos Aires da década de 70 Infância Clandestina: história de um menino de 11 anos cujos pais são militantes políticos, na Buenos Aires da década de 70](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/dsc00292.jpeg?quality=70&strip=info&w=817&w=636)
![Infância Clandestina: drama com traços autobiográficos Infância Clandestina: drama com traços autobiográficos](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/dsc00867.jpeg?quality=70&strip=info&w=460&w=636)
![Infância Clandestina: menino de 11 anos vive a descoberta do primeiro amor durante o regime militar argentino Infância Clandestina: menino de 11 anos vive a descoberta do primeiro amor durante o regime militar argentino](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/dsc03036.jpeg?quality=70&strip=info&w=922&w=636)
![Infância Clandestina: drama expõe a história do diretor Benjamín Ávila durante a ditadura na Argentina Infância Clandestina: drama expõe a história do diretor Benjamín Ávila durante a ditadura na Argentina](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/dsc06267.jpeg?quality=70&strip=info&w=847&w=636)
![Teo Gutiérrez Romero: entre o primeiro amor e a falsa identidade no drama político argentino Infância Clandestina Teo Gutiérrez Romero: entre o primeiro amor e a falsa identidade no drama político argentino Infância Clandestina](https://vejasp.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/copia-de-dsc04045.jpeg?quality=70&strip=info&w=411&w=636)
Como forma de exorcizar seu passado, o diretor portenho Benjamín Ávila juntou-se ao roteirista brasileiro Marcelo Müller — eles se conheceram na Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de los Baños, em Cuba — para criar uma história que relembra o regime militar na Argentina, entre 1976 e 1983. Escrito a quatro mãos, o drama Infância Clandestina é o representante argentino na disputa por uma das cinco vagas ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Vale lembrar: o Brasil indicou O Palhaço, de Selton Mello. Embora tenha traços autobiográficos, a trama traz licenças ficcionais. Tudo começa na chegada a Buenos Aires do menino Juan (Teo Gutiérrez Romero) e sua irmã, ainda bebê. Eles estavam em Cuba e, em 1979, atravessaram a fronteira entre o Brasil e a Argentina, rumo à capital portenha, passando-se por filhos de um casal daqui. Já na casa do tio Beto (Ernesto Alterio), reencontram seus pais verdadeiros, Cristina e Horacio (Natalia Oreiro e César Troncoso). O trio faz parte do movimento revolucionário Montoneros e quer combater o regime na base da luta armada. Assim como os adultos, Juan precisa viver na clandestinidade e mudar de nome. Vira Ernesto e, aos 11 anos, entre a tensão constante e as preocupantes notícias diárias, ele encontra o primeiro amor ao lado de Maria (Violeta Palukas), sua colega de escola. O iugoslavo Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios e o sueco Minha Vida de Cachorro, ambos de 1985, foram referências para que Ávila realizasse seu primeiro longa-metragem de ficção. Fica mais evidente, contudo, uma comparação com o nacional O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006). Tal qual no belo trabalho de Cao Hamburger, o ponto de vista da era de chumbo vem de um protagonista mirim e, mesmo com a presença dos conflitos políticos, sobressaem no enredo as dores emocionais do garoto, aqui vivenciando um cotidiano movido a mentiras, fugas e mortes. Para coroar o trabalho de Ávila e Müller, o longa-metragem conquistou, na semana passada, dez troféus no Prêmio Sur, o principal da Argentina, incluindo melhor filme, direção e roteiro. De narrativa sóbria e com emoções autênticas, a fita tem alguns momentos previsíveis, mas o roteiro de Müller é redondinho. O trunfo, porém, está na força encontrada pelo realizador ao retomar amargas lembranças em seu registro genuíno. Estreou em 07/12/2012.