Entenda como funciona a coloração pessoal, serviço em alta em São Paulo
Técnica identifica os tons que realçam a beleza, a partir da análise da cor da pele, do cabelo e de outras características faciais
Você já deve ter notado: determinadas cores de roupa são capazes de te conferir uma aparência solar, a ponto de arrancar elogios. Já outras parecem te apagar. Não se trata de mero acaso e não funciona da mesma forma para todos. É o que explica a coloração pessoal, técnica que identifica os melhores tons para cada pessoa a partir de características faciais, como cor da pele e do cabelo.
Hit no Instagram e no TikTok, a prática atrai cada vez mais interessados na capital, que buscam profissionais para descobrir o que lhes cai bem através da análise cromática. Durante a sessão, o consultor posiciona tecidos de cores diferentes abaixo do rosto do cliente, diante de um espelho. O objetivo é identificar quais valorizam o rosto, diminuindo olheiras e manchas na pele, por exemplo. “Analisamos pele, pelos, lábios, olhos e veias para indicar as melhores escolhas para roupa, cabelo, maquiagem, acessórios e até esmalte”, explica Manu Carvalho, personal stylist que tem no portfólio clientes como Ivete Sangalo e Alessandra Negrini.
A técnica remonta às teorias da cor desenvolvidas na icônica Escola de Arte Bauhaus, na Alemanha, e se popularizou na moda na década de 80, com a publicação de Color Me Beautiful, best-seller da estilista Carole Jackson, que classificava as pessoas de acordo com as estações do ano: primavera (tons quentes e alegres), verão (frios e sutis), outono (quentes e terrosos) e inverno (frios e vivos). Na década de 90, a consultora britânica Mary Spillane evoluiu a técnica ao considerar outros aspectos além da temperatura da pele, como intensidade e profundidade. Batizado de método sazonal expandido, é o mais utilizado hoje e “diagnostica” as pessoas em doze paletas (veja o quadro abaixo).
Bruna Cavassa, que trabalha na área há oito anos e atende clientes em um escritório no Morumbi, viu a demanda pelo serviço aumentar nos últimos tempos. “Depois da pandemia, as pessoas começaram a buscar autoconhecimento e a gastar com mais consciência”, diz. A bancária Deborah Silva, 31, procurou Bruna durante um momento de transformação pessoal. “Minha imagem já não estava refletindo o que eu sentia”, conta. Acostumada com o estilo básico, descobriu, no mês passado, que sua cartela é a primavera brilhante, com tons quentes e chamativos, como o laranja e o amarelo. “Fiquei espantada com a diferença. Não precisei mudar meu guarda-roupa, só aprendi a inserir as cores que mais me valorizam”, comemora ela, que tem apostado nos acessórios.
Um dos maiores centros de formação em coloração pessoal do país, o Studio Immagine, no Jardins, foi além ao adaptar o método à miscigenação e à diversidade de peles no Brasil. Lá, além dos tecidos tradicionais, são usadas estampas de diferentes contrastes, prática depois adotada pelo mercado. “O sazonal expandido era muito pautado na beleza caucasiana. Dizia-se que a pele negra só possuía contraste médio, mas existem pessoas negras com contraste baixo e alto”, diz Luciana Ulrich, fundadora da escola que tem unidades em Fortaleza e Portugal e já formou mais de 9 000 alunos.
Nos seus atendimentos, a consultora de imagem Marcela Lemos, especializada em peles negras, prefere utilizar a fórmula desenvolvida pela americana Jean Patton, que, em seu livro Color to Color, apresenta seis cartelas elaboradas especificamente para esse público, com nomes inspirados na cultura africana e afrodescendente: Nilo, Saara, Spice, Calipso, Jazz e Blues. “O resultado é muito mais assertivo”, garante a profissional, que também faz atendimentos online com tecidos digitais.
Independentemente do método, os especialistas concordam: ninguém precisa banir do guarda-roupa uma peça que não se enquadre na sua cartela. “A ideia não é deixar de usar as cores, mas sim aprender a usá-las”, resume Luciana.
Paleta exclusiva
A americana Jean Patton desenvolveu um método específico para peles negras, das mais claras até as retintas. Considera seis cartelas: Nilo, Jazz e Blues (frias), Saara e Spice (quentes) e Calipso (neutra).
Publicado em VEJA São Paulo de 29 de março de 2024, edição nº 2886