Coleção particular de Emanoel Araújo ganha exposição e vai a leilão

Fundador do Museu Afro Brasil deixou em testamento desejo de vender seu acervo, considerado um dos maiores da América Latina

Por Mattheus Goto
Atualizado em 17 out 2023, 16h18 - Publicado em 15 set 2023, 00h30
Foto em preto e branco de um homem negro, usando chapéu, posando com semblante neutro
Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil e dono de uma das maiores coleções de arte da América Latina (Maycon Lima/Divulgação)
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Emanoel Araújo tinha várias facetas. Artista, curador, museólogo, ativista e colecionador, ele teve um papel importante no reconhecimento da presença negra na arte brasileira. Um ano após sua morte, aos 81 anos, em 7 de setembro de 2022, é possível ter um panorama de seu universo particular e, em breve, até levar um pedaço para casa.

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Pintura de Carlos Bastos
Pintura de Carlos Bastos (Bolsa de Arte/Divulgação)
Escultura de Niki de Saint Phalle
Escultura de Niki de Saint Phalle (Bolsa de Arte/Divulgação)

Sua coleção, considerada uma das maiores da América Latina, está sendo exposta na Bolsa de Arte (Rua Rio Preto, 63, no Jardim Paulista) e será leiloada no mesmo local do dia 25 a 28 de setembro (nota da redação: o leilão foi adiado indefinidamente devido a uma notificação extrajudicial do Ibram). Atendendo a seu desejo deixado em testamento, a verba será destinada a cinco irmãos e funcionários próximos.

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A exposição apresenta cerca de 1 500 peças, uma parte do acervo de quase 5 000 itens. São obras que contemplam 400 anos de história da  arte, desde uma pintura do século XVI do italiano Nicolò Frangipane até um quadro do modernista baiano Carlos Bastos.

Quadro de Rubem Valentim
Quadro de Rubem Valentim (Bolsa de Arte/Divulgação)
Imagem de Iemanjá
Imagem de Iemanjá (Bolsa de Arte/Divulgação)
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Há também esculturas, santos, joias, moedas antigas, louças e até móveis que estavam em seu apartamento e ateliê. “A coleção é muito eclética, com um foco na autoria e temática negra”, afirma Jones Bergamin, diretor da Bolsa de Arte, que conheceu Emanoel. As peças foram garimpadas pelo artista ao longo de sessenta anos. “Ele tinha um olhar diferenciado para a arte, de ineditismo”, acrescenta.

Alguns itens terão lance livre, sem um valor mínimo estipulado. Segundo o diretor da casa de leilão, vem sendo estudada a possibilidade da venda de todas as peças em um único lote, para que continuem juntas. “É uma vontade nossa, do inventariante e de pessoas que foram à exposição, como Adriana Varejão”, comenta. Obras de autoria de Emanoel não serão leiloadas e vão para o Museu Afro Brasil.

Pulseira de ouro
Pulseira de ouro (Bolsa de Arte/Divulgação)
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Imagem de Santo Antônio
Imagem de Santo Antônio (Bolsa de Arte/Divulgação)

Nascido em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, Emanoel era de uma família de ourives. Na década de 1960, ingressou no curso de artes visuais da Universidade Federal da Bahia, especializou-se em gravura e começou a realizar exposições. Sua longa carreira nas artes teve como destaque a direção da Pinacoteca de São Paulo, entre 1992 e 2002, e a fundação do Museu Afro Brasil, em 2004.

“Ele era uma personalidade complexa, reservada, que tinha um vínculo forte com a ancestralidade”, diz Jones. Filho de Ogum e Iemanjá, Emanoel abriu os caminhos para artistas negros e indígenas em museus de São Paulo, com um planejamento prático para a expansão e renovação dos acervos.

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‘Alegoria à América’, de Xavier das Conchas
‘Alegoria à América’, de Xavier das Conchas (Bolsa de Arte/Divulgação)
Obra de Francisco Brennand
Obra de Francisco Brennand (Bolsa de Arte/Divulgação)

Publicado em VEJA São Paulo de 15 de setembro de 2023, edição nº 2859

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