Bruno Nobru, o “Neymar dos games”, fatura 1 milhão de reais por mês com sua própria equipe de Free Fire

Campeão nacional e terceiro no mundo, o jovem de 21 anos sonha em conhecer o jogador que é seu ídolo

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Guilherme Queiroz
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h55 - Publicado em 16 jul 2021, 06h00
A imagem mostra Nobru em seu quarto, com o dedinho, o indicador e o dedão das duas mãos levantados e sorrindo para a câmera.
Bruno Goes, o Nobru, em seu quarto em Arujá: mudança de vida (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Na capital paulista, ninguém no Free Fire é maior do que um jovem de 21 anos nascido e criado em uma favela na região do Campo Limpo, na Zona Sul. Em quatro anos, Bruno Goes, o Nobru, foi de produtor de conteúdo amador em uma estação improvisada a sócio de uma empresa, a Fluxo, que foi criada há apenas seis meses, possui oitenta funcionários e fatura 1 milhão de reais por mês.

Campeão brasileiro e terceiro no Mundial deste ano, ele foi indicado ao prêmio de personalidade do ano pelo Esport Awards 2021, a maior premiação internacional de esportes eletrônicos. Na semana passada, Nobru, que possui mais de 30 milhões de seguidores nas redes sociais e tem Neymar como seu maior ídolo, se tornou embaixador global de games de um gigante do entretenimento mundial.

Filho de pais separados e com três meios-irmãos, a estrela do Free Fire, então com 10 anos, guardava carros na feira, no Jardim Novo Oriente, na região do Campo Limpo, enquanto sonhava em ser jogador de futebol. Chegou a fazer algumas peneiras, mas não conseguiu atingir o sonho. Sua segunda tentativa de “ser alguém na vida” também foi frustrada depois que passou na faculdade de análise de sistemas mas não conseguiu pagar a mensalidade de mais de 800 reais. “Meu pai estava desempregado e minha mãe tinha renda instável como vendedora. Fiquei sem rumo na vida”, diz Nobru, que morava com o pai, Jeferson, e visitava a mãe a cada quinze dias no Morumbi.

A imagem mostra Bruno, sentando em um banco na frente de sua piscina, junto de seu pai que está em pé. Ambos estão rindo.
Nobru e o pai, Jeferson: compra no cartão e contrato milionário nas Casas Bahia (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Foi na casa de quatro cômodos e dois andares, em que a avó também habitava, que ele fez as primeiras transmissões no YouTube, como hobby, para ver no que ia dar. O fundo azul era na verdade uma toalha velha, presa com pregadores e um prego. Sem celular, ele precisava pedir um aparelho emprestado, o que nem sempre ocorria. “Meu pai tinha de mandar currículo e minha avó ficava fofocando com as amigas pelo telefone”, brinca o menino, que é evangélico, não bebe nem fuma.

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Primeiro amor, o Free Fire lhe abriu as portas para o inédito contrato com o YouTube, em 2017, que lhe rendeu 800 dólares, pouco mais de 3 000 reais. “A virada foi essa, quando ganhei meu primeiro salário. Era tudo muito duvidoso para mim. Como assim ganhar dinheiro no YouTube?” A fama lhe abriu uma segunda porta, dessa vez no seu time do coração. Campeão de Free Fire em 2019 pelo Corinthians, deixou recentemente a equipe para montar o próprio time, o Fluxo, que é um misto de gerenciamento de marca, da carreira pessoal e uma equipe profissional.

+ Atraindo milhões de seguidores, os esportes eletrônicos são alvos de investimentos milionários e sonho de jogadores da periferia 

Enquanto lida com a fama e o dinheiro, Nobru se preocupa com a imagem, sua e do jogo em que atua. Visto como violento, o Free Fire é abolido por muitos pais. “Mas o gráfico do jogo não é muito bom. Por mais que tenha tiro e sangue, não tem realismo. É apenas diversão. Ninguém vai jogar e ficar doido da cabeça. Eu sempre posto nas redes meu estilo de vida saudável. Essa é a imagem que passo.”

A imagem mostra Nobru em sua casa, na escada, sorrindo
Bruno Goes, o Nobru, em sua casa, em Arujá (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Outra imagem que Nobru passa é a de admirador de Neymar. Não se importa de copiar o bordão “o pai” ao se referir a si, em terceira pessoa. Com 11,2 milhões de seguidores no Instagram e 30 milhões somando outras redes, o astro do Free Fire segue apenas 224 pessoas, entre elas o camisa 10 da seleção. “Sou muito fã, mas ele joga Counter Strike, e não Free Fire. Mas estou pensando em jogar para ver se me aproximo dele. Nunca falei com ele. Por mais que eu seja famoso, não usufruo desse reconhecimento. Fico receoso em mandar mensagem. Quem sabe um dia.”

Colaborou Humberto Abdo

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Publicado em VEJA São Paulo de 21 de julho de 2021, edição nº 2747

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