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A trajetória do camaronês nomeado curador da próxima Bienal de São Paulo

Bonaventure Soh Bejeng Ndikung é diretor de um centro de arte contemporânea na Alemanha e tem familiaridade com a cena brasileira; leia a entrevista

Por Mattheus Goto
5 abr 2024, 06h00

A Fundação Bienal de São Paulo nomeou o camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, diretor do centro de arte contemporânea Haus der Kulturen der Welt (HKW), em Berlim, como curador da 36ª edição do evento, marcada para o segundo semestre de 2025.

A decisão foi tomada por meio de um comitê formado pela nova presidente da fundação, Andrea Pinheiro, a vice-presidente Maguy Etlin, o presidente do conselho de administração, Eduardo Saron, e os conselheiros José Olympio da Veiga Pereira, Ligia Fonseca Pereira, Marcelo Araujo, Susana Steinbruch e Paula Weiss.

Nascido em 1977 em Yaoundé, Camarões, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung mudou-se para Berlim em 1997, aos 20 anos, para estudar biotecnologia. Ele chegou a fazer um doutorado na área antes de migrar para o setor artístico, onde se destacou pela perspectiva única da intersecção entre arte e ciência.

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Na capital alemã, Ndikung fundou o laboratório de ideais SAVVY Contemporary, em 2009, e recebeu a Ordem do Mérito de Berlim, em 2020, em reconhecimento ao seu trabalho na cena cultural local. Ele também atuou como curador em eventos internacionais, como a Dak’Art: Bienal de Arte Contemporânea Africana (Senegal) e a Bienal de Veneza (Itália).

Sua proximidade com o Brasil não é de hoje. A primeira exposição no HKW após ele ter assumido a direção, no ano passado, foi sobre o quilombismo, conceito criado pelo artista Abdias do Nascimento (1914-2011). “Tenho pesquisado seu trabalho com generosidade, especialmente na última década”, ele conta, em entrevista a Vejinha.

Ndikung também afirma ter acompanhado a poesia de Maria Beatriz Nascimento e mostrado o trabalho de Maria Auxiliadora e Amilcar de Castro no HKW. “Meu interesse é por figuras que resistem à narrativa mainstream, como Lygia Clark, e também por linguagens diferentes, como o simbolismo iorubá e dos orixás.” Ele também cita Hélio Oiticica, Lygia Pape, Heitor dos Prazeres, Elisa Martins da Silveira e Rubem Valentim.

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Para o curador, a arte brasileira é vibrante. “Tem uma nova geração de artistas desafiando o jogo, gênero, crenças, religiões e a linguagem artística e mostram a complexidade da história brasileira”, comenta. Ele argumenta que a cena é reconhecida internacionalmente por isso. Uma prova é a nomeação de Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, para a curadoria da Bienal de Veneza, que começa no dia 16 de abril.

Sua ideia para a bienal paulistana é refletir sobre a contemporaneidade. “O critério é simples: trabalhos muito bons, engajados, poéticos, que saem do lugar comum, desafiam e pensam sobre o cotidiano, refletem sobre os nossos tempos e histórias”, ele diz.

O tema e o projeto curatorial de Ndikung serão apresentados no segundo semestre deste ano, junto à composição de sua equipe curatorial.

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