Você acha que seus filhos conhecem tudo o que há de bacana na capital? Então prepare-se para surpreendê-los. O livro infantil São Paulo é Legal! – Patrimônio (ed. Olhares), escrito pela historiadora Vanessa Sobrino e ilustrado por Bernardo França, mostra que alguns dos endereços mais conhecidos podem ser vistos a partir de perspectivas inusitadas, que não constam nos guias mais óbvios. O segredo para desvendá-los é misturar diversão com curiosidades históricas.
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Nascida em Bragança Paulista, Vanessa estudou durante oito anos na Universidade Estadual de Campinas e dá aula de história para pré-adolescentes. Todos os dias, na classe, ela procura formas diferentes de aguçar o interesse de seus pupilos para dois de seus temas preferidos: patrimônio e cultura. Foi aí que ela se juntou ao brasiliense Bernardo para criar uma obra para crianças de 6 a 12 anos.
A ideia da dupla é apresentar de maneira nada aborrecida doze locais tombados: a Estação da Luz, o Parque da Luz, a Pinacoteca, o Mercado Municipal, o Museu Paulista, o Parque da Água Branca, o Pacaembu, o Sesc Pompeia, o Parque do Ibirapuera, o Masp e os bairros da Liberdade e do Bixiga.
“Pensamos em como seriam as visitas que pais e filhos poderiam fazer a lugares. Como perceberiam algumas noções de preservação e de transformação desses espaços? A imaginação das crianças pode ser despertada quando se mostra o choque entre passado e presente. Isso amplia o repertório delas”, explica Vanessa.
A seguir, a autora dá cinco sugestões pouco convencionais. Acompanhe e aproveite já neste fim de semana:
Um dos alunos de Vanessa chamou a atenção da professora para um aquário subterrâneo que foi descoberto em um processo de restauração do parque, com espécies típicas dos rios Tamanduateí e Tietê. As diversas grutas também encantam os menorzinhos. “Ao subir perto da cascata d’água, é possível ter uma vista panorâmica do parque e apreciar as copas de algumas árvores centenárias, como a palmeira jerivá e a fogueira-de-bengala. É interessante que a criança compare esses dois olhares: o subterrâneo, do aquário, e o panorâmico”, sugere. Recomenda-se que seja visitado nos fins de semana, pela manhã. Também merecem atenção esculturas como a modernista Carregadora de Perfumes, de Vitor Brecheret. O Jardim da Luz surgiu como Jardim Botânico, em 1792.
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Construído em 1929, o parque preserva o clima de fazenda. Na época, animais como vacas, cavalos e bois eram estudados e colocados em exposição. O pavão é um show à parte. “Nos sábados pela manhã, é possível ver os macaquinhos, patos e gansos. Os moradores da região vão alimentá-los. Ler livros na praça, debaixo das copas das árvores, também é muito agradável. A Casa do Cabloco, de pau a pique, pode ser uma forma de mostrar às crianças formas diferentes de construção”, sugere. Quando não há aulas de equitação, a arena fica livre para partidas de futebol de areia.
O prédio já foi ocupado pela antiga Fábrica de Tambores da Pompéia. O desenho atual levou nove anos (de 1977 a 1986) para ser construído. A autora, Lina Bo Bardi, também projetou o Masp. Ela valorizou atividades que já eram comuns no bairro, como o futebol de salão, o baile da terceira idade, o churrasco aos sábados. “Uma dica é o passeio casado no Sesc e no Masp, para comparar os dois projetos e fazer uma brincadeira com os filhos: o que eles têm de parecido e de diferente? No Sesc, uma atividade que pode ser educativa para as crianças é almoçar com bandeja. Uma coisa simples e que faz parte do dia a dia de muitas pessoas.”
Aberto em 1895, o Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga, era dedicado aos estudos da natureza. Entre 1917 e 1945, virou um museu de história. O tema escolhido para ser lembrado e celebrado foi a Independência do Brasil. “É interessante para apresentar obras de arte e brincar com as relações que existem entre essas criações. Na entrada, a decoração não pode ser mudada. Já nas outras salas as exposições são criadas e recriadas constantemente”, explica. Na parte de baixo do monumento, há ainda uma pista usada para skate e patins. “É um lugar gostoso para ver o pôr do sol.”
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O bairro da colônia oriental pode se transformar em um parque de diversões para a meninada. Com a chegada do metrô, em 1970, a prefeitura investiu em um projeto para transformar a parada em ponto turístico. As luminárias a vapor, por exemplo, foram trocadas por lanternas no estilo japonês. E, a todos os comerciantes, foi pedido que colocassem os luminosos com os nomes de seus estabelecimentos na língua de origem. “É divertido mostrar as vitrines dos restaurantes, com comidas feitas de resina, e explicar essa diferença para as crianças”, diz Vanessa.