Ícaro Silva, da periferia ao estrelato

Com longos cabelos esvoaçantes, roupas brilhantes e rebolado impecável, o ator Ícaro Silva encarnou a cantora Beyoncé na estreia do quadro Show dos Famosos, do Domingão do Faustão. Era a primeira de outras cinco estrelas (como Bob Marley e Michael Jackson) imitadas no programa pelo rapaz de 30 anos — sempre coberto de elogios.

Em julho, ele saiu vitorioso da atração, que lhe rendeu fama inédita. Viu triplicar os convites para trabalhos e bombou na web. “As pessoas passaram a me conhecer pelo nome”, comemora. Ícaro despontou na série teen Malhação, na qual atuou entre 2004 e 2007, no papel de Rafa.

Agora, deve se dedicar mais à carreira de cantor, e seus projetos incluem o lançamento de um show-solo, em breve. Ele já havia virado astro da música, por exemplo, no filme Elis, de 2016, no qual viveu o cantor Jair Rodrigues. Hoje, integra o elenco da novela Pega Pega e da série da GNT Edifício Paraíso. Ocupará ainda espaço de destaque no longa Legalize Já, sobre o Planet Hemp, com estreia prevista para outubro. Dará vida a Skunk, criador da banda ao lado de Marcelo D2.

A primeira aparição de Ícaro na TV deu-se de forma inusitada. Aos 8 anos, ele apareceu no Fantástico. Devido às fortes chuvas de 1995, o barraco onde o garoto morava, em Diadema, na região metropolitana, corria risco de desabar. Ele exibiu familiaridade com as câmeras e conquistou Marcia Eleane Braghini, diretora de uma escola particular da região.

O ator na escola, nos anos 90 (Arquivo Pessoal/Veja SP)

Ela ofereceu uma bolsa integral ao menino, craque na escrita, que chegou a lançar três livros na infância. A mãe, a funcionária pública Josefa Silva, levava o filho a testes de atuação. “No meio da dura realidade da favela, usei esse apoio a meu favor”, conta Ícaro.

Seu primeiro trabalho televisivo foi na novela Meu Pé de Laranja Lima, em 1998, na Band. Ele chegou à Globo e mudou-se para o Rio. O estrelato deu-lhe a oportunidade de comprar uma casa para os pais no ABC. Solteiro, Ícaro mora em um apartamento na Barra da Tijuca. Pelo menos uma vez por mês, volta a São Paulo. “Aqui, ando de ônibus, circulo pela Paulista e admiro a diversidade das pessoas”, afirma.