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Artista cria obra em uma casa com estrutura de terra, plantas e pedras

Cleverson Luiz Salvaro utilizou uma construção no Jardim Paulistano para erguer seu trabalho, sem comprar nenhum item adicional

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h15 - Publicado em 14 Maio 2021, 06h00
Homem olha para o teto de uma casa. Ao seu lado, uma estrutura horizontal com terra e plantas
O artista e plantas suspensas: criação na quarentena (Dani Ometto/Divulgação)
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A obra Antes de Afundar, Flutua ocupa duas dependências do térreo de um sobrado localizado no número 59 da Rua Doutor Oliveira Pinto, no Jardim Paulistano. Criada pelo curitibano Cleverson Luiz Salvaro, 41 anos, a instalação artística consiste em uma trama de arame e ferro, erguida aproximadamente a 1 metro do chão, coberta por uma camada de folhas, detritos de obras de reforma realizadas na vizinhança, sementes e plantas. “Eu me isolei durante a pandemia.

Os materiais que utilizei, já tinha aqui, não saí para comprar”, explica o artista, que buscou ter no trabalho reflexos das restrições de deslocamento impostas na quarentena. “Queria levar para a obra uma situação de bloqueio da passagem. Consegui trazer essa interdição, de forma horizontal. É preciso se curvar para caminhar debaixo da estrutura.”

Interior de uma casa com paredes brancas. No centro, uma estrutura de plantas, pedras e terra suspensa
Obra em casa: sem comprar nenhum material (Dani Ometto/Divulgação)

Muitas vezes, enquanto se percorre a obra em busca de um dos cinco buracos que Salvaro criou na trama e que podem ser ocupados por visitantes, vem a vontade de utilizar a palavra jardim. Contudo, é preciso tomar cuidado, porque as plantas não são arranjadas de forma decorativa. “

Aqui, a natureza rebela-se contra o paisagismo, submetendo a arquitetura às raízes que brotam rizomaticamente e nos colocam diante de um equilíbrio instável. Elas dançam sobre finos fios e, com qualquer movimento que fazemos, lembram-nos de que tudo está prestes a sucumbir”, diz a crítica Giselle Beiguelman, que escreveu um texto sobre o trabalho e a instabilidade que o acompanha, afinal, se desequilibrar e dar uma topada na instalação significa derrubar a terra, mas também pequenos cogumelos e mudas de uma espécie conhecida como lambari.

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A casa onde Salvaro criou seu antijardim é também onde mora desde 2019. O imóvel pertence a Fernanda Resstom, à frente da Central Galeria, que representa o artista. Fernanda espera a autorização da prefeitura para demolir a construção. Enquanto a liberação não vem, cede a casa para criação — o pintor Alexandre Wagner também manteve seu ateliê por lá.

Buraco em uma estrutura de terra, planta e pedra. Está presa em uma parede
Por baixo do jardim: buracos podem ser ocupados por visitantes (Dani Ometto/Divulgação)

>Antes de Afundar, Flutua. Rua Doutor Oliveira Pinto, 59, Jardim Paulistano, ☎ 93051-7652. Sábado e domingo, 11h às 17h. Visitas agendadas em: tinyurl.com/yghxsncc. Até o dia 30.

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Publicado em VEJA São Paulo de 19 de maio de 2021, edição nº 2738

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