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Estilista Alexandre Herchcovitch é tema de exposição no Museu Judaico

Trajetória do paulistano, que despontou na cena eletrônica da capital, é contada a partir de fotos e vídeos de desfiles, além de looks e desenhos originais

Por Vanessa Barone
Atualizado em 19 abr 2024, 09h22 - Publicado em 19 abr 2024, 06h00
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Desfile de Alexandre Herchcovitch durante o São Paulo Fashion Week de 2005 (Agência Fotosite/Divulgação)
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Expoente da festejada turma de jovens estilistas surgidos na moda brasileira em meados dos anos 1990, Alexandre Herchcovitch, 52, é tema de uma exposição que abre sábado (20), no Museu Judaico de São Paulo (MUJ). Com curadoria do artista Maurício Ianês, Alexandre Herchcovitch: 30 Anos Além da Moda traz um resumo dos momentos mais importantes da trajetória do criador, que despontou na cena eletrônica da noite paulistana e chegou às passarelas internacionais.

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O estilista na montagem da exposição (Leo Martins/Veja SP)

Sempre se reinventando, Herchcovitch já mereceria aplausos só por conseguir se manter relevante no hiperativo mundo da moda por mais de três décadas. A façanha, aliás, rendeu também um documentário que o canal Max (antigo HBO Max) está finalizando para ser lançado em junho.

Inconstantes e por vezes incompreensíveis, as tais tendências de consumo atualmente têm a duração de alguns stories, transformando em “cringe” (o termo “cafonice” da geração Z) as ideias que pouco tempo antes mereciam milhões de likes. Com talento e olhar comercial, o estilista vem conseguindo surfar as ondas nada suaves da economia, ajustando a rota para acompanhar a realidade do mercado.

Desde que apresentou seu primeiro desfile no extinto Phytoervas Fashion, em 1994, ele já experimentou a carreira solo — no melhor estilo “uma ideia na cabeça e uma loja na Haddock Lobo” —, foi estilista de grandes marcas, como Zoomp e Cori, fez desfiles internacionais e ainda levou sua atitude irreverente para fora da bolha da moda, criando uniformes para o McDonald’s, a Gol e a Olympikus, na Olimpíada de 2004.

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As modelos
Betty Prado (à esq.) e
Cláudia Liz: a estreia, em 1994 (Zé Takahashi/Divulgação)

Herchcovitch soube, ainda, aproveitar o surgimento de grandes grupos de moda brasileiros para vender sua grife. Entre passos certeiros e alguns percalços, o criador segue em atividade e se prepara para voltar às passarelas, nos próximos meses — durante a Casa de Criadores —, com a nova coleção da Herchcovitch; Alexandre.

A marca Herchcovitch; Alexandre, criada por ele, que pertence ao grupo de moda Inbrands desde 2013, ficou inativa entre 2016 e 2022, tempo em que ele esteve ausente da direção criativa. “Nesse período longe, voltei a estudar e aprendi muito sobre moda sustentável”, diz o estilista. Ele reconhece que há muito a ser feito pela indústria da moda para conter os impactos de seus resíduos.

O desafio é fazer roupas que durem mais tempo, mas não inviabilizem os negócios comercialmente. “Nosso papel é ser sustentável”, diz. “Mas, para isso, é necessário repensar todos os processos.” Atualmente, ele segue como estilista da grife À La Garçonne, do empresário Fábio Souza, focada no reúso, customização e reaproveitamento de peças vintage.

Parte do sucesso ele atribui à sorte. “Eu sempre tive boas oportunidades para trabalhar com o que mais gosto, que é fazer roupas”, diz Herchcovitch, cuja exposição no MUJ é composta de fotos, vídeos e trilhas sonoras de desfiles, além, é claro, dos looks completos idealizados por ele, desde os primeiros flertes com o movimento underground.

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Também na exposição estará o desenho original da caveira, símbolo de sua grife. Feito por ele a mão, em papel vegetal, esse primeiro esboço de sua identidade visual foi encontrado por acaso. “O descobri dentro de um catálogo”, diz. “Guardei lá para não amassar e esqueci.” O vestido criado para a mãe, Regina, aos 14 anos, também é parte da mostra, com outros itens importantes da história de três décadas: o macacão de poliamida criado para o DJ Johnny Luxo, em 1993, as peças feitas de látex, uma bolsa com o formato da personagem infantil Hello Kit, além da reedição, feita exclusivamente para a exposição, de cinco looks da coleção de inverno 2012, inspirada nas vestes de judeus religiosos.

O conjunto de obras, no entanto, é apenas 10% de seu acervo. “Sempre fui organizado e já pensei em ter um espaço para visitação, reunindo as minhas criações”, diz o estilista, um dos mais bem-sucedidos em licenciamentos. O mais novo deles inclui a criação de estampas para a marca masculina Aramis. Com a rede de lojas de artigos de cama, mesa e banho Zelo são mais de vinte anos de parceria.

Suas estampas também já adornaram celulares (Motorola), almofadas (FOM), jogos de mesa (Tok & Stok) e até isqueiros (BIC). Em maio, seus desenhos estarão em mais um produto: gomas de mascar. Serão lançadas em parceria com a Kids Zone (que produz doces com personagens infantis) e prometem manter seu nome mais tempo na boca dos jovens.

Rua Martinho Prado, 128, Bela Vista. De 20 de abril a 8 de setembro. Ter., qua. e de sex. a dom., 10h/18h (última entrada às 17h15). Qui., 12h/21h (última entrada às 18h15). R$ 20 inteira; R$10 meia. Grátis aos sábados. 

Publicado em VEJA São Paulo de 19 de abril de 2024, edição nº 2889

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