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Acompanhada pela polícia federal, União retoma chaves da Cinemateca

Governo promete publicar nos próximos dias um edital para contratar novos administradores para o acervo, que se encontra sem gestão e repasses financeiros

Por Pedro Carvalho
Atualizado em 7 ago 2020, 12h10 - Publicado em 7 ago 2020, 12h07
Campera (de costas) entrega as chaves a Oliveira: União promete nova gestão (Pedro Carvalho/Veja SP)
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O Governo Federal retomou, na manhã desta sexta-feira (7), as chaves da Cinemateca Brasileira, instituição federal responsável por preservar a memória audiovisual do país, em São Paulo.

As chaves estavam com a fundação Roquette Pinto. A organização social (OS) geria a Cinemateca desde 2018, quando venceu um edital para cuidar do acervo até 2021. O acordo acabou encerrado antecipadamente, em dezembro passado, por decisão do ex-ministro Abraham Weintraub. Desde então, a Cinemateca se encontra sem gestão e repasses financeiros.

Em julho, o Governo tinha feito uma tentativa de retomar o acesso ao imóvel, próximo ao Parque do Ibirapuera. Na ocasião, a Roquette Pinto não entregou as chaves, alegando que não tinha sido informada do horário exato do compromisso.

Após enviar uma notificação à fundação, técnicos do Ministério do Turismo chegaram à Cinemateca por volta das 9h desta sexta, acompanhados da polícia federal, para receber as chaves. Cerca de cinquenta cineastas e profissionais do meio (além de integrantes da torcida organizada do Santos) protestavam na entrada da instituição.

“Assumiremos com contratos emergenciais [para manter os serviços básicos, que estão com as contas vencidas] e iniciaremos um novo chamamento público [para contratar outra fundação] nos próximos dias”, afirmou Helio Ferraz de Oliveira, secretário substituto do audiovisual, que veio a São Paulo buscar as chaves.

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“Entendemos que é uma violência”, diz Francisco Campera, diretor da Roquette Pinto. “O governo não informa se os funcionários serão mantidos ou se a dívida será paga [ao longo do primeiro semestre, a Roquette Pinto seguiu arcando com as despesas do acervo, o que deixou um buraco de 14 milhões de reais no caixa da OS]”, ele afirma.

Nos próximos dias, o Executivo deve fotografar e catalogar o arquivo de mais de 250 000 rolos de filme e outros documentos. Também promete que a contratação dos novos gestores se dará de maneira urgente.

Nos bastidores, a Roquette Pinto acredita que exista uma tentativa de aparelhamento da Cinemateca pela União, para a instalação de um núcleo da chamada “guerra cultural” bolsonarista em São Paulo. O Ministério do Turismo negou diversos pedidos de entrevista de Veja SP.

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Sem repasses, a Cinemateca tem atrasado as contas básicas (estão vencidas em três meses, em média) e não paga desde março o salário dos funcionários, que estão em greve.

Criada pela sociedade civil, a Cinemateca foi doada à União em 1984 — embora boa parte do acervo ainda pertença a famílias e empresas. O contrato de doação estabelecia, entre outras obrigações, que a insituição deveria manter independência administrativa e técnica.

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