Conhecida pelos sabores brasileiros, a chocolatière Luisa Abram recebeu o convite para trabalhar em uma receita inusitada: transformar seus tesouros de cacau em verdadeiras joias. “No processo, descobri que são duas artes similares. Os processos de fundição e temperagem são muito parecidos”, conta Luisa, que trouxe nas peças chocolates com cacau do Rio Purus, no Acre.
A parceria com a artista plástica Floriana Breyer rendeu a coleção PachAmerika Cacao, cujo design tem inspiração em iconografias latino-americanas. “A linha vem de uma pesquisa que faço há uns dez anos sobre a iconografia do Peru, Argentina e da região amazônica. Resgatei esse trabalho e conectei com a história inicial do cacau, que era usado como bebida ritualística e moeda pelos povos mesoamericanos”, conta Floriana.
As joias são semicomestíveis e mesclam pedras, pratas e os produtos da Na’kau e de Luisa Abram, ambos feitos de cacau selvagem da Amazônia. Cada uma das peças inclui uma ritualística própria, que precisa ser feita para revelar a joia final. “Em Amálgama, por exemplo, temos dois brincos, a Pachamama, com o chocolate branco suculento da Luisa, e o Pachatata, de chocolate negro com pimenta baniwa da Na’kau, cujos sabores se unem após serem derretidos em uma cuia com chá de especiarias. O processo expõe a prata e os brilhantes da joia”, explica Floriana.
Os sabores também abraçam ingredientes como o maracujá, o açaí e o cupuaçu. A coleção será apresentada em um evento, nos dias 28 e 29 de setembro, no Estúdio Carla Pernambuco, em parceria com a Galeria Alice Floriano, de Porto Alegre, que comemora nove anos de existência.
Quem adquirir as peças nas datas poderá realizar os rituais no local ou optar por levar em um kit de embalagens térmicas e comestíveis de mandioca.
Estúdio Carla Pernambuco. Rua Sergipe, 768, Higienópolis. ☎ 98225-6030. Sábado (28) e domingo (29), 12h/20h. @estudiocarlapernambuco.
Publicado em VEJA São Paulo de 27 de setembro de 2024, edição nº 2912
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