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Yago Oproprio, sobre seu disco de estreia: “Eu nunca sei do próximo passo”

Em entrevista à Vejinha, o rapper paulistano fala sobre sua trajetória, a relação com a Zona Leste e o processo de criação do álbum 'Oproprio' (2024)

Por Tomás Novaes
Atualizado em 11 jul 2024, 11h09 - Publicado em 11 jul 2024, 11h03
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Yago Oproprio, 29: show na Audio, em São Paulo, no dia 20 (Ênio César/Divulgação)
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Yago Oproprio, 29, acaba de lançar o trabalho da sua vida. Oproprio (2024) é o nome do primeiro álbum do rapper paulistano, que estreia a nova turnê em São Paulo, no dia 20.

Este ano trouxe grandes novidades para o artista. Além de colocar o disco no mundo, Yago assinou contrato com a gravadora Som Livre em abril, e também está de mudança — depois de anos residindo em São José dos Campos, irá morar no centro de São Paulo.

“Sempre fui apaixonado pelo centro”, diz o rapper, que, no disco, versa sobre suas vivências na periferia paulistana. Produzido por Patricio Sid, que assina todos os beats, o projeto tem dez faixas inéditas, com destaque para Enigma, La Noche e Linha Azul.

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O rapper paulistano: novo disco e turnê (Ênio César/Divulgação)

Yago, que tem o boom bap como principal referência sonora, alcançou destaque nacional em 2022, com o single Imprevisto, lançado em parceria com Rô Rosa e Skeeter Beats. Em 2023, fez seus primeiros shows na Europa, em Portugal.

Dessa vez, a nova turnê vai ainda mais longe. Depois de estrear o show na Audio, com ingressos esgotados, o rapper viajará pelo Brasil, passando por Campinas, Fortaleza, Belo Horizonte, Recife, Florianópolis e Porto Alegre, e pela Europa, em Dublin, Barcelona, Londres, Lisboa e Porto.

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Saiba mais sobre esse novo momento do artista na entrevista a seguir.

Qual é a sua relação com São Paulo, em especial com a Zona Leste?

Eu cresci em Itaquera, depois morei em Patriarca e Artur Alvim. Vivi, no total, acho que dezessete anos na ZL. A minha relação com a cidade sempre foi muito periférica. Meu pai foi um dos fundadores de um coletivo artístico chamado Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, que tem 25 anos. Na nossa casa acontecia o sarau Casa de Dolores, que eu frequentava desde os sete anos, em contato com poesia, música, violão e instrumentos percussivos. Meu pai é um grande poeta, foi campeão do primeiro slam do Brasil, o ZAP – Zona Autônoma da Palavra. Ser um adolescente em território periférico me trouxe várias vivências, tive muito contato com funk, rap. Eu canto o que vivi, essa visão crítica sobre o mundo, o cotidiano do trabalhador, as diferenças sociais. Depois que eu saí da Zona Leste, vim morar em São José dos Campos, e agora vou voltar para São Paulo, e morar no centro.

Era um sonho seu, morar no centro de São Paulo?

Posso falar que sim, estou realizando um sonho. Eu não conhecia muito o centro, mas sempre fui apaixonado. Vou para o centro Antigo, a dois passos da Consolação, da Praça Roosevelt, do Copan, de tudo. Estou muito feliz. Vou andar muito a pé, decorar todos os caminhos. Sempre achei triste não saber andar no centro. Para mim, isso era vergonhoso.

Antes da música, você trabalhou com o quê?

Já fiz captação de imóveis, na Cohab. Em São José, me formei em massoterapia, e trabalhei por seis meses em uma clínica de estética. Depois, trabalhei em shopping, na Multicoisas e na Chilli Beans. Mais tarde, em uma empresa de telemarketing, até pedir as contas para lançar meu primeiro single. Mas em poucos meses o meu dinheiro acabou, e voltei a trabalhar em uma start-up até a grande virada, quando um investidor viu o clipe de Amor Incendiário e disse que me patrocinaria.

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“Só queria deixar a minha voz em uma faixa que desse pra escutar daqui a cem anos”

Isso ainda foi antes de Imprevisto (2022), seu maior hit?

Bem antes. Imprevisto trouxe uma parada de nível nacional, fora da curva. Para o clipe, eu investi só 300 reais do segurança que acompanhou a gente na Augusta e mais 200 de figurino, que eu garimpei em brechó.

Li em uma entrevista você falar que não teve pressa para entrar na música este é um conselho que você daria para alguém que quer seguir o ramo?

Acho que, se a parada mexe com você, não dá para escapar. Eu sempre senti que iria trabalhar com música, mas descobri que conseguia escrever só com 24 anos. Nunca fui um virtuoso, não fui uma criança que cantava. Mas sentia uma relação muito forte, e sempre quis fazer um trampo de rap. Isso de não ter pressa é quando você sente uma parada muito forte. Agora, tem pessoas que querem fazer música por outros motivos. A minha vontade sempre teve a ver com materializar algo para além da nossa existência, deixar uma pegada. Só queria deixar a minha voz em uma faixa que desse pra escutar daqui a cem anos.

Como foi o processo de criação do disco, junto com o Patricio Sid?

O processo do álbum foi como a minha vida: eu nunca sei do próximo passo. A gente só foi fazendo música. Começamos a fazer o disco em setembro, produzimos três músicas de uma vez. Em dezembro, fiz La Noche e também viajei para a Tailândia. Quando voltei, em janeiro, mergulhei no estúdio e terminamos o resto do álbum.

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Qual a sua expectativa para a turnê, e qual a banda que irá te acompanhar nos shows?

Ano passado eu fiz shows em Portugal. Este ano vou tocar em Dublin, Londres, Lisboa, Porto e Barcelona. Estou muito feliz. É louco, porque eu nunca tinha saído da América Latina. Quem vai me acompanhar será o Gabriel Sielawa, de backing vocal, e a minha DJ, Maah Fernandes. Serão shows reduzidos, na Europa, porque não vou ter o público que tenho no Brasil. É outro formato, mas com o mesmo repertório. Não vão ter os telões o show de São Paulo vai ser incrível, estamos articulando um negócio muito bonito.

18 anos. Audio. Avenida Francisco Matarazzo, 694, Água Branca, ☎ 3675-1991. ♿ Sáb. (20), 22h. R$ 144,00 a R$ 192,00. audiosp.com.br.

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