“A vulnerabilidade é uma fraqueza e uma força”, diz Duda Beat
Confira a entrevista com a cantora e compositora pernambucana, que lança disco com pegada eletrônica e estreia turnê em São Paulo
A guitarra de Lúcio Maia, envolta por acordes suspensos em teclados synth, é o primeiro som que escutamos em Tara e Tal (2024), disco que acaba de sair do forno da cantora e compositora pernambucana Duda Beat.
O riff é o mesmo de Coco Dub, uma das faixas do antológico disco Da Lama ao Caos (1994), de Chico Science & Nação Zumbi. O convite para o músico fazer uma regravação não poderia ser mais especial, afinal, o sobrenome artístico escolhido pela artista é uma homenagem ao manguebeat.
Essa união da guitarra com uma batida house, que inaugura a faixa de abertura Drama, resume a sonoridade deste terceiro e mais eletrônico capítulo da carreira de Duda, mais uma vez produzido pela dupla Lux & Tróia e com participação também de Liniker.
“Pouca gente sabe que eu sou muito apaixonada por rock. Meu pai tinha uma coleção de vinis, e botava a gente para ouvir Pearl Jam, Soundgarden, Nirvana, Black Sabbath”, conta a artista. “Já era uma observação antiga dele: ‘Eu amo as suas músicas, filha, mas falta um solo de guitarra’ (risos).”
Dançante, o disco mistura sonoridades dos anos 90 e início de 2000 como o house e o drum ‘n’ bass, referências que resgatam a adolescência de Duda. “DJ Marky, Kaleidoscópio, o miami bass, o funk melody, tudo isso me formou musicalmente. E me lembra uma fase muito feliz, em que eu ia para as praias de Pernambuco, nas festas eletrônicas, com a única preocupação de me divertir e dançar”, diz.
Não faltam — e nem poderia faltar — nas letras a sensualidade e a sofrência que já viraram marcas da artista. A dualidade do coração partido com a pista de dança é um dos contrastes que permeiam o trabalho.
“Sou uma artista que se cura muito pela minha própria arte. Saí da pandemia muito deprimida, assim como a maioria das pessoas. O mundo estava passando por transformações muito profundas, e não teria como eu não sentir elas. Foi difícil voltar a pensar em fazer música, e acho que por isso escolhi fazer algo que me puxasse para cima”, diz a compositora.
O próprio título do álbum carrega outro contraste. “A ‘tara’ é o desejo de me libertar e me jogar, e o ‘tal’ é todo o sentimento que vem depois, seja ele bom ou ruim. A vulnerabilidade é uma fraqueza e uma força, é nela que a gente se fortalece e se empodera. Isso é um fio condutor do meu trabalho”, comenta.
Este é o primeiro disco da artista lançado por uma gravadora, a Universal Music. “Ser uma cantora independente me deu um conhecimento muito importante do quanto vale o meu trabalho, quanto eu ganho, quanto gasto. Ao mesmo tempo, sentia que tinha chegado em um teto desse lugar”, disse a artista.
Com show em três atos, a turnê Tara & Tour estreará em grande estilo em São Paulo, no dia 16 de maio, no Espaço Unimed.
“Os atos não vão ter a ver com os discos, e sim com a narrativa que quero passar. A luz vai ser a protagonista, o telão vai contar uma história, e a gente quer que a atenção do público esteja no lugar certo dessa vez, sendo um pouco mais minimalista, mas também grandioso”, explica Duda.
Os ingressos já estão disponíveis. 16 anos. Espaço Unimed. Rua Tagipuru, 795, Barra Funda, ☎ 3868-5860. ♿ Qui. (16/5), 22h. R$ 144,00. espaçounimed.com.br.