Brisa Flow é a primeira artista indígena a se apresentar no Lollapalooza Brasil
Radicada em São Paulo há 11 anos, a mineira é filha de chilenos que fugiram da ditadura de Pinochet
Nesta sexta-feira (24), às 12h30, a mineira Brisa Flow será a primeira artista indígena a se apresentar no Lollapalooza Brasil.
Filha de artesãos chilenos marrones que, em 1987, fugiram da ditadura de Pinochet, Brisa de La Cordillera — seu nome completo — é uma rapper, cantora e compositora radicada em São Paulo há onze anos.
“Me sinto muito feliz de abrir esse lugar de diálogo. Somos um continente de mais de 800 povos, como não temos artistas indígenas nos line-ups da América Latina?”, questiona.
Para seu show em um dos maiores festivais de música da capital e do país, ela está preparando arranjos inéditos e um figurino especial assinado pela estilista trans Vicenta Perrotta, do ateliê paulista TRANSmoras.
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Brisa defende a ocupação de espaços como esse por mais artistas originários. “No Brasil, temos uma riqueza gigante na música indígena, não só de rap. Gean Ramos, Djuena Tikuna, Brô Mc’s, Ian Wapichana e muitos outros nomes que não vejo em festivais”, diz.
A cantora ressalta que não basta ter um olhar curatorial raso para ter mais diversidade no line-up. “Não é só um lugar de ‘queremos artistas indígenas’, mas sim de ir ao show, conhecer a gente. Acontece muitas vezes de nos confundirem, em várias áreas da música. Eu gosto quando a curadoria vai assistir a uma apresentação, gosta e faz o convite — que foi o que aconteceu comigo no Lolla”, explica
Publicado em VEJA São Paulo de 29 de março de 2023, edição nº 2834
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